terça-feira, 29 de dezembro de 2009

BOAS FESTAS

Há quem diga que não gosta dessa época, em que tudo gira em torno das festas de final de ano. Alguns argumentam que não passa de uma data comercial, outros se sentem tristes porque talvez não tenham com quem celebrar ou o que comemorar.
Eu, particularmente, gosto bastante. Hoje não sinto mais aquela magia que sentia quando criança, pois naqueles tempos passava o mês de dezembro inteiro esperando e me preparando para o Natal, ansioso para receber a visita dos parentes que moravam fora e curioso por saber que presentes meus pais deixariam sob a árvore que todos os anos minha mãe montava com a ajuda minha e dos meus irmãos. Talvez devido a correria de final de ano, não tenho mais tempo para esperar pelo Natal da mesma forma como antes, e quando vejo o dia 25 já está chegando. Mas mesmo assim fica uma expectativa boa, que me faz correr atrás de presentes para a família e organizar encontros com os amigos que moram longe e que, assim como eu, retornam a Cruz Alta para passar as festas por lá.
É uma época de reencontros, de celebrações, de agradecimentos e comemorações. Cada um com a sua fé, com a sua forma de reverenciar ao seu Deus. O comércio pode estar presente, mas cabe a nós mesmos impedir que ele tome conta de todo esse tempo. Dar presentes é uma forma de demonstrar carinho, mas acredito que as festas não ficam só nisso. Pelo menos não consigo ver assim.
Cruz Alta estava show de bola no Natal. Foi bom curtir a família e rever uma grande parte dos amigos. Infelizmente não consegui encontrar todo mundo porque o tempo foi curto. Mas mesmo assim valeu!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

LULA, EL HOMBRE QUE ASOMBRA EL MUNDO

Continuando no assunto COP 15, não posso deixar de falar no discurso improvisado do Presidente Lula no encerramento da conferência em Copenhagen. Seu discurso em tom de desabafo foi extremamente sensato e arrancou aplausos em vários momentos. Para quem chamava o presidente de burro e ignorante deve estar sendo difícil aceitar que ele é considerado um dos grandes líderes mundiais da atualidade, não só pelos cidadãos comuns mas também pelos próprios líderes. Zapatero fez declarações ao jornal espanhol “El País” e Obama chamou Lula para uma reunião particular. Quando que um presidente brasileiro conseguiu ter uma presença tão marcante a nível mundial?

Revoltante apenas foi ver a chamada do Jornal Nacional naquele dia: “Lula defende os países ricos”. Pra quem não viu na íntegra o discurso, vai ele aqui, para que possam tirar suas próprias conclusões sem serem influenciados pelo jornalismo parcial da TV Globo.





E pra quem quiser conferir na íntegra o texto escrito por Zapatero para o jornal madrilenho El País, aqui vai o link:

http://www.elpais.com/articulo/internacional/hombre/asombra/mundo/elpepuint/20091211elpepuint_1/Tes

“Lula tem o imenso mérito de haver unido a sociedade brasileira em torno de uma reforma tão ambiciosa como tranqüila”. Jose Luiz Zapatero, Presidente do Governo Espanhol

Em tempo: De acordo com o dicionário da RAE (Real Académia Española), o termo “asombrar”, da forma como utilizado pelo autor do texto, tem o sentido de “causar grande admiração”.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

COP 15

Durante as duas últimas semanas o mundo esteve voltado para Copenhagen, capital da Dinamarca, onde aconteceu a 15ª Conferência das Partes, realizada pela UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Apesar da expectativa gerada em torno do encontro, do qual se esperava uma proposta dos líderes mundiais para combater o aquecimento global, o resultado ficou aquém do esperado e o que se viu por parte dos maiores poluidores mundiais, principalmente EUA e China, foi apenas um pequeno avanço que não deve surtir os efeitos esperados pelos ambientalistas.

Mas o que eu acho mais interessante é ver as pessoas criticando os grandes líderes por não tomarem atitudes, sendo que muitas vezes nem elas mesmas tomam atitudes simples para colaborar com a sustentabilidade do meio-ambiente. É fácil criticar o Barak Obama, afinal os Estados Unidos realmente não querem abrir mão do dinheiro emitido pelas chaminés das fábricas juntamente com os gases tóxicos. Mas será que essas pessoas que tanto criticam o cara fazem alguma coisa pela preservação do nosso planeta? Separam o lixo? Deixam o carro em casa e optam por transportes alternativos? Abrem mão do seu conforto por razões ambientalistas?

Quando saio de casa pela manhã e vejo a quantidade de carros circulando pelas ruas com apenas uma pessoa dentro ou quando vou ao supermercado e vejo as pessoas comprando dezenas de produtos com embalagens atraentes e imagino que o destino de todas essas embalagens é o lixo, começo a entender os americanos. O fato é que a grande maioria das pessoas não quer abrir mão de nada em favor do desenvolvimento sustentável. Assim como nós (e eu me incluo nesse bolo apesar de pensar muito no assunto e tomar algumas [poucas] atitudes ecologicamente corretas), as grandes potências mundiais não querem perder o seu conforto, nesse caso as cifras obtidas com o desenvolvimento econômico desenfreado.

É bem mais fácil jogar a culpa nos outros do que tomar atitudes de verdade, como deixar o carro na garagem e tomar um ônibus, caminhar ou pedalar até o trabalho. É mais prático comprar refrigerantes em garrafas PET do que ir a feira comprar frutas produzidas sem agrotóxicos e preparar um suco natural. É menos complicado juntar todo o lixo no mesmo saco e despejá-lo em frente à casa para que o caminhão do lixo leve o problema embora e deixe a nossa consciência tranqüila, já que depois que o caminhão leva o lixo embora, o problema passa a ser do poder público.

Enquanto não fizermos a nossa parte para frear a industrialização desmedida, que só foca nos lucros financeiros, a coisa não vai mudar. Precisamos deixar a preguiça de lado e exercitar nossa consciência. Comprar produtos de empresas que privilegiam o desenvolvimento sustentável e boicotar as outras. Comprar produtos com embalagens retornáveis (ou ao menos recicláveis) e cobrar atitudes das empresas que jogam esses produtos no mercado. Comer menos carne vermelha para diminuir as emissões de metano pelas criações de gado e dar preferência a produtos orgânicos que não receberam doses de agrotóxicos durante o cultivo. Existem muitas coisas que podem ser feitas no dia-a-dia para minimizar o impacto negativo do desenvolvimento econômico. Não é necessário abrir mão do conforto, mas é preciso ter consciência e agir enquanto há tempo, para garantir um futuro sustentável.

Achei legal esse vídeo sobre o fórum infantil que ocorreu dentro da convenção em Copenhagen... quem sabe as próximas gerações cresçam mais conscientes.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

MUDANÇAS

Mudar sempre envolve um lado ruim e um lado bom. O lado ruim se refere aos transtornos que uma mudança sempre provoca. O lado bom é que esses transtornos podem levar a uma sensação de recompensa pelas coisas novas que vem com elas. Mudar de casa, por exemplo, é uma mudança complicada, principalmente pelos incômodos que causa e pelo tempo que toma. Mas esse tempo pode ser bem aproveitado se a mudança não consistir apenas em tirar as coisas de um lugar e colocar no outro.

Falo isso porque nos últimos dias estive envolvido com minha mudança de apartamento. E apesar do tempo que perdi, vi nesse processo uma oportunidade de abrir as portas e as gavetas e deixar sair algumas coisas que não via há muito tempo. Eu tenho o costume de guardar coisas. Objetos de família, livros, revistas, filmes e até pequenos presentes desses que alguém traz quando viaja e a gente, mesmo sem saber o que fazer com ele, não tem coragem de jogar fora porque foi um presente. Algumas coisas são importantes e merecem ficar, outras, porém, já ocuparam seu espaço e agora precisam seguir em frente, nem que a próxima parada seja o compartimento para recicláveis da lixeira do prédio.

Mexer nessas coisas foi uma viagem no tempo. Materiais de faculdade como as apostilas de Estética e Cultura de Massas que me fizeram lembrar das aulas da Eunice Olmedo ou as de Teoria Econômica que não entendi porque eu ainda as guardava. Fotografias de vários momentos que me levaram a pensar nos amigos que tenho feito ao longo do tempo e que estão espalhados pelo mundo e também a velha fita Basf preta com músicas do Roberto Carlos que meu pai colocava no toca-fitas e que embalava os passeios de carro da minha infância. Algumas coisas de que me basta a memória para não esquecê-las e outras que fazem sentido ficar guardadas como souvenirs, porque a simples sensação de tocá-las é capaz trazer de volta as imagens, as cores e os cheiros de outros tempos.

Posso até parecer apegado ao passado, mas não é isso que sinto. Gosto das mudanças e acho que elas são fundamentais para tocar a vida pra frente. A incerteza do que vem e a insegurança que ela pode trazer é que são o motor da existência. É preciso traçar novos caminhos, percorrer novas ruas, tirar novas fotos, ler novos livros, morar em casas, bairros e cidades diferentes, para que a vida não seja apenas uma sucessão de repetições.

Para mim mudar é isso, é ir atrás de algo novo para que daqui a algum tempo eu possa limpar as gavetas novamente.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

UM VESTIDO E UM AMOR

Esse é um dos curtas do Ficção Viva, que estreia amanhã.
Com Nana Rodrigues, Rossana Ceres, Greice Barros, Alessandra Flores e Zé Ronaldo Ribeiro.
Roteiro de Luciano Coelho, Fabiola Melo, Edenilson Almeida e Guilherme Empke.
Direção de Luciano Coelho.
Vou deixar que eu trailer fale por mim.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

LANÇAMENTO DO PROJETO FICÇÃO VIVA

Durante quase um ano estive envolvido em um projeto de produção cinematográfica, patrocinado pela Petrobrás, chamado Ficção Viva. O projeto foi idealizado e coordenado pelos cineastas Luciano Coelho e Marcelo Munhoz e compreendeu três etapas: formação, pesquisa e produção. Foi uma grande oportunidade, onde pude desenvolver e aperfeiçoar minhas habilidades na área de roteiro, em um projeto que teve como foco a produção de ficção com base em elementos de documentário, calcada em uma pesquisa detalhada sobre o universo escolhido pelos próprios participantes: a relação das pessoas com objetos.




Foi um período de atividade intensa, em que meu tempo livre praticamente se reduziu a zero (afinal não é fácil acumular uma jornada de trabalho de 8 horas diárias com um projeto dessa dimensão), mas passado esse tempo consigo perceber que o resultado foi extremamente positivo e saio desse projeto com a sensação de ter agregado uma série de conhecimentos novos que me fazem ter a certeza de que valeu a pena todo esse esforço.


Valeu também pelo contato com os demais integrantes do projeto, onde foi possível muita troca de experiências, de idéias e também de energia. A vontade de fazer dar certo, por parte de cada um, foi um dos pontos altos. Houve muita dedicação por parte de atores, realizadores e roteiristas e os momentos de interação entre esses três eixos proporcionaram um diferencial ao projeto.


Foi fundamental para a criação dos roteiros dos três curta-metragens o processo de construção coletiva que roteiristas e atores empreenderam, com muita improvisação, intercâmbio de idéias, muita colaboração mútua, até se chegar ao resultado definitivo.


Com relação a “Retrato de Família”, o curta do qual fui um dos roteiristas, ainda tive a oportunidade de acompanhar parte do processo de decupagem do roteiro e participar das gravações como assistente, trabalhando com continuidade. Durante duas semanas passei os dias (e algumas noites) enclausurado em um apartamento no centro de Curitiba, acompanhando de perto o roteiro ganhar vida pelas mãos dos realizadores e pelo corpo e a alma dos atores. Todo o aprendizado desses dias foi muito superior ao cansaço físico que todos sentiram após mais de 12 horas de trabalho em algumas diárias.


Agora, às vésperas da estréia dos quatro filmes produzidos no projeto (além dos três curtas há ainda um documentário sobre o universo pesquisado), a expectativa é grande. Falta pouco para ver todo o esforço convertido em uma realidade, ainda que imaginária, na tela do cinema.






quinta-feira, 19 de novembro de 2009

CHEGOU A NOSSA VEZ


Hoje, 19 de novembro, entrou em vigor em Curitiba a Lei Municipal nº 13.254, mais conhecida como Lei Antifumo. Motivo de polêmica em outras cidades do país, onde já foi implantada, por aqui a coisa não é diferente. Fumantes de um lado, defendem sua liberdade de acender o cigarro quando bem entenderem, não-fumantes de outro, defendem o direito de preservar sua saúde e não serem submetidos à desconfortável e prejudicial fumaça. Eu, que faço parte do grupo dos não-fumantes, estou vibrando com essa lei. Finalmente nós, os não-fumantes, não seremos mais obrigados a respirar a fumaça do cigarro dos outros nem a voltar para casa com “cheiro de balada” nas roupas.


Defendo a liberdade de cada um escolher entre fumar ou não fumar, mas acredito naquela máxima que diz que a liberdade de um acaba quando começa a do outro. Ou seja, se alguém escolhe prejudicar sua própria saúde ao ingerir nicotina, alcatrão e mais um monte de substâncias tóxicas e cancerígenas, tem que ter em mente que outras pessoas fazem a escolha contrária, ou seja, não inalar essas substâncias, e portanto não devem ser expostas ao produto da vontade dos outros. Para essa situação deve prevalecer o bom senso, ou seja, a preservação da saúde em primeiro lugar.


No último sábado já pude perceber a diferença que faz a ausência do cigarro. O Crossroads, um bar aqui de Curitiba que eu costumo frequentar, se antecipou à lei e um final de semana antes já havia montado uma estratégia para evitar o consumo de cigarro dentro do estabelecimento.


Apesar dos bons ventos trazidos com essa nova lei, é preciso ficar antenado. Como as fiscalizações para cumprimento de leis no Brasil duram pouco tempo e logo tudo volta a ser como era antes, é preciso que os não-fumantes façam valer seus direitos, fiscalizem e não deixem de denunciar quando perceberem alguma irregularidade. A Prefeitura Municipal de Curitiba disponibiliza dois canais para que sejam efetuadas denúncias de descumprimento da lei, a central 156 e o telefone 0800 644 0041.


Quem sabe essa lei não abra precedentes para outras, como por exemplo uma que estabeleça multas para quem, depois de fumar, joga a bituca no chão, como se não fosse lixo e não merecesse ir para o seu devido lugar.


Chegou a nossa vez. Felizmente as coisas estão mudando!



terça-feira, 10 de novembro de 2009

INDIGNAÇÃO

Os acontecimentos políticos do Rio Grande do Sul tem me feito refletir acerca da capacidade de discernimento das pessoas e da consciência política de cada um. Há quatro anos atrás, na época da última eleição para governador, eu pensava em como as pessoas não conseguiam perceber que a tal Yeda Crusius era uma armadilha pro povo gaúcho? Infelizmente a maioria dos eleitores não percebeu e acabou colocando dentro do Piratini aquela que seria uma das piores governantes que o Estado já teve.

Que tipo de governo é esse? Há poucos dias nossa ilustre governadora manifestou ser favorável ao incremento salarial de desembargadores, juízes, procuradores e promotores de justiça do Estado e ainda dos conselheiros do Tribunal de Contas. A declaração causou constrangimento inclusive entre deputados da base aliada. No dia seguinte fico sabendo da proposta que a governadora apresentou para o funcionalismo. É de conhecimento de todos que a Brigada Militar do Rio Grande do Sul tem os piores salários do país. Quando fazia campanha eleitoral, a Sra. Yeda prometeu que iria dobrar o salário dos soldados. Mas até agora isso não aconteceu. Para que o salário dos soldados gaúchos se igualem aos do Rio de Janeiro (os penúltimos da lista) seria necessário um aumento de cerca de 40%, bem além do percentual proposto nos últimos dias. Qual a prioridade da segurança pública no estado?

E a educação? O Governo e a Secretaria de Educação se negam a dialogar com as entidades de classe. Mas existe uma representação do Governo do Estado tramitando, contra o piso-mínimo para educadores proposto pelo Governo Federal.

O que esse governo fez de bom para o Estado até agora? Só se ouve falar de escândalos, fraudes, compras com dinheiro público. E me vem o Paulo Sant’anna com aquele papinho dele, pedindo para que deixem a governadora trabalhar. Trabalhar? O que ela fez de bom até agora? Porque a compra da tal casa ainda não foi esclarecida? E o dinheiro público usado para comprar puffs e gaveteiros para sua casa na Vila Jardins?

Para quem não consegue engolir certas atitudes de nossos políticos, sugiro a leitura do Blog RS Urgente. Ali estão as notícias não divulgadas pela mídia. Vale a pena. Sempre é importante conhecer mais. Se as pessoas buscassem mais informações, com certeza votariam melhor.


domingo, 25 de outubro de 2009

greNAL

Longe do Beira-Rio.
Longe de Porto Alegre.
Num barzinho em Curitiba.
Skol gelada no copo.
Companhia de amigos e de uma prima mais fanática que eu.
greNAL nº 378.
Tradição no futebol gaúcho, um clássico onde a força só se mede em campo, com a bola no pé.
Antes do jogo, aquelas frases comuns, sempre ouvidas: greNAL é greNAL. greNAL não tem favorito.
Quando o time entra em campo, ainda que assistindo pela TV, rola aquela emoção de sempre. Será que hoje vai dar?
Jogando em casa parece que a pressão é maior.
Oportunidade de chegar perto do líder do campeonato e se aproximar das cabeças.
Um adversário sempre respeitável.
Apito.
Bola rolando.
Vamo, vamo meu Intêêêrrrr!!!
Poucos minutos de jogo e a bola na rede.
O mar vermelho se agita.
D’Alessandro. Sangue castelhano.
Colorado, colorado, nada vai nos separar...
O jogo inteiro pela frente.
Oportunidades perdidas.
Contra-ataques superados.
Mais cerveja.
Conversas cruzadas. Histórias de Cruz Alta.
Gauchada reunida.
De onde tu é?
Olhos vidrados na tela.
Puta que o pariu!
Quanto tempo ainda falta?
Bah...
Bola perigosa na área.
Ainda bem que eles são ruins (minha prima fala).
Três minutos de acréscimo.
Confusão provocada por quem não sabe perder.
Expulsão.
Bola rolando novamente. Falta pouco.
O juiz ergue o braço.
Glória do desporto nacional, ó Internacional...
Vitória com um gosto especial.
greNAL é sempre greNAL.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

BASTARDOS E GUERRILHEIROS

Nesse final de semana consegui assistir a dois filmes que eu esperava ansiosamente para ver. Um deles foi Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino, e o outro foi a segunda parte da saga do argentino Ernesto Guevara, Che – A Guerrilha, de Steven Soderbergh. Os dois filmes, cada um a sua maneira, falam sobre dois momentos da nossa história recente e sobre dois personagens reais que deixaram marcas de sua passagem pelo século XX.



Che – A Guerrilha narra a tentativa de Guevara de realizar na Bolívia uma revolução nos moldes da promovida em Cuba, que fazia parte do seu objetivo maior de estender a revolução socialista a toda a América Latina. Essa segunda parte tem um ritmo mais lento que a primeira (Che, o Argentino, que aborda a revolução em Cuba, promovida por Fidel Castro para depor o ditador Fulgêncio Batista e tomar o poder), o que a torna um pouco monótona e arrastada.
Ao mostrar os últimos passos da vida de Che na Bolívia, Soderbergh acaba centrando sua narrativa nas dificuldades ocorridas durante o movimento guerrilheiro, mas sem se aprofundar muito nas causas do seu insucesso. Diferentemente de Cuba onde o povo queria a revolução, na Bolívia a população não havia despertado para o mesmo interesse, talvez por puro comodismo ou por não vislumbrarem possibilidades de melhoras. Além disso, os partidos comunistas bolivianos, tanto o ligado à União Soviética quanto o ligado à China, se isentaram de participar do movimento e não apoiaram a causa. Ou seja, a luta era de Che e seu ideal revolucionário e dos poucos homens que acreditavam na possibilidade de vencer a pobreza e a exploração naquele país através da implantação de um governo mais justo.
Benício del Toro desempenha de forma competente seu papel e consegue levar às telas um Che acima de tudo humano, fugindo dos estigmas pelos quais é conhecido hoje em dia, tanto pelos que o endeusam quanto pelos que o crucificam. Apesar da seqüência não ter o mesmo vigor do primeiro filme, as cenas finais, onde são apresentados os últimos momentos de vida de Ernesto Guevara, são realmente emocionantes, e me fizeram pensar no que poderia ser a América Latina hoje, se ele tivesse conseguido tornar realidade seus objetivos revolucionários.



Já o filme de Quentin Tarantino, Bastardos Inglórios, aborda a ocupação nazista na França durante a segunda grande guerra. A visão de Tarantino, porém, não busca ser fiel à realidade e mistura fatos reais e ficção numa saga que conta a história de um batalhão comandado pelo tenente americano Aldo Raine (Brad Pitt) que é enviado a França para matar e escalpelar nazistas.
Além do tentente Raine, vários outros personagens se destacam no filme, como o repulsivo Coronel Landa (Christoph Waltz), o judeu-americano Donny Donowitz (Ely Roth) que mata nazistas com um bastão e um caricato Hitler (Martin Wuttke). Com doses um pouco menores de sangue do que as contidas em Cães de Aluguel e Kill Bill, Bastardos Inglórios caminha para uma vingança armada pelos judeus contra os nazistas e, diga-se de passagem, me deixou com vontade de fazer parte do batalhão dos bastardos.
A utilização do cinema dentro do cinema, como metalinguagem, também é um ponto interessante do filme, que apresenta o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels lançando sua nova produção em um cinema que (ele não sabe) pertence a uma judia. Há ainda uma menção a Leni Riefenstahl, a grande documentarista do cinema nazista, tida por muitos como referência na história do documentário (não pelo conteúdo e sim pelas extraordinária estética que utilizava).
Ainda que seja apenas ficção, Quentin Tarantino me fez sair do cinema com a alma lavada.

Fica aí a dica de dois filmes que merecem ser vistos.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O QUE COMEMORAR EM 15 DE OUTUBRO?

Talvez poucas pessoas lembrem que hoje se comemora o dia dos profissionais de uma importante categoria, nem sempre devidamente valorizada: os professores.

E o que comemorar no dia de hoje? Salários baixos, pouca valorização profissional, salas de aulas lotadas e com péssima infra-estrutura: infelizmente esse é o retrato da educação pública do país. E mesmo assim, muitos desses profissionais da área de educação não desistem de seu maior objetivo: educar. No ensino privado, o professor se torna cada vez mais um mero prestador de serviços, submetido muitas vezes à falta de educação que os estudantes trazem de casa. A impressão que tenho é que o professor não é mais visto como uma figura a qual se deve respeito. Nem pelo governo nem pelos próprios alunos.

Lembro das greves de professores que aconteciam no meu tempo de estudante, época em que o Sr. Pedro Simon, então governador do Rio Grande do Sul, parecia ignorar as necessidades básicas dos educadores gaúchos. Como filho de professora, participei de algumas manifestações ao lado da minha mãe e de outros professores também acompanhados por seus filhos. Tenho certeza que esses pais/professores se viam em uma encruzilhada: ou lutavam para ter melhores condições de criar seus filhos ou submetiam seus rebentos ao prejuízo ocasionado por dois ou três meses sem aula.

De lá para cá, se a coisa mudou foi para pior. No Rio Grande do Sul, enquanto a governadora Yeda Crusius adquire puffs para sua casa com dinheiro público, alunos e professores são submetidos a aulas em contêineres, medida adotada pelo governo gaúcho para economizar com as reformas das escolas.

Enquanto isso, apesar do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) ter sido aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado em julho de 2008 pelo presidente Lula, os educadores do Brasil ainda enfrentam problemas por causa do não cumprimento da lei. O piso vem sendo ignorado em vários estados e municípios por que a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4.167), ajuizada pelos governadores de alguns estados como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná contra o piso, ainda não foi votada.

Apesar de todos esses fatores, tenho certeza que ainda existem motivos para comemoração. O bom professor, mesmo que não seja remunerado e respeitado da forma como merece, será lembrado pelos seus alunos pela vida toda. Em função do dia de hoje, resolvi fazer um exercício de memória e recordar alguns professores que marcaram minha vida de estudante (que começou no Jardim de Infância aos 5 anos e parece não ter data prevista para acabar).

Não tenho boas recordações da minha primeira professora, a tia Sandra, que me deu aulas durante um ou dois meses: sua didática incluía uma lista negra dos alunos que conversavam durante as aulas, algo um tanto quanto sem sentido em uma turma formada por crianças de 5 anos de idade que iniciavam então sua vida escolar no Jardim de Infância. De cara já tive a oportunidade de aprender que nenhuma classe é formada unicamente por bons profissionais.

Mas depois disso as coisas melhoraram bastante. A tia Maria Helena, minha segunda professora no Jardim de Infância, me reconhece na rua quase 30 anos depois. A professora Enely, que me deu aula na 2ª série, tinha uma letra impecável, fundamental para quem ensina crianças. A professora Noeci, que dava aulas de História na 5ª ou 6ª série, era quase do tamanho dos alunos, e se sentava em cima da mesa enquanto explicava o conteúdo.

Graças às músicas da Marizinha, professora de Biologia no ensino médio, ainda lembro que a “doença de Chagas destrói o coração e o barbeiro faz a transmissão” e que “o raquitismo acontece porque falta a vitamina D”. Com a Lúcia Baptista aprendi a conjugar todos os verbos da língua portuguesa e via nos olhos da Sônia Nicolodi a paixão por dar aulas de história.

Na universidade, tive excelentes professores, como a Jânea Kessler, que foi minha orientadora na monografia do curso de Publicidade e Propaganda e a inesquecível Eunice Olmedo, que dirigia de forma peculiar e única as classes de Estética e Cultura de Massas e que foi eleita por unanimidade como a patronesse da turma de Comunicação Social da UFSM do ano de 1998.

Não posso esquecer também do professor Edison Domingues, que me deu aulas no curso de Administração e que mesmo 6 anos depois da formatura, ainda lembra dos aniversários dos seus ex-alunos e há poucos dias atrás me surpreendeu com uma ligação me parabenizando pelos meus 32 anos. Nesse dia, me contou que decidiu enfim se aposentar, aos 72 anos de idade.

Posso falar do Renato Marchetti, excelente professor do curso de especialização em Marketing da UFPR e da Celina Alvetti e do Hugo Mengarelli, do curso de especialização em Comunicação Audiovisual da PUC-PR. O Hugo chegou a se derramar em lágrimas, na sala de aula, enquanto assistíamos a uma cena do clássico “Ladrões de Bicicleta” de Vittorio De Sica. Mais recentemente tive aulas com os cineastas Luciano Coelho e Marcelo Munhoz, que conseguem, de uma forma eficiente, ir muito além da teoria, conduzindo os alunos à prática do cinema, com conhecimento e profissionalismo.

Impossível deixar de mencionar a importância de uma outra professora, a senhora Maria da Graça, minha mãe, que com grande competência me ensinou muitas coisas, dentre elas a valorizar a importância do educador.

E mesmo com tantos problemas que prejudicam a educação deste país, posso dizer que minha vida escolar tem sido premiada com excelentes mestres que me deixaram boas lembranças. E tenho a certeza de que, apesar da interferência negativa do Simon, da Yeda e da tia Sandra, ainda há muito o que comemorar nesse Dia dos Professores.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

LA NEGRA



No último domingo, aos 74 anos, faleceu em Buenos Aires a cantora argentina Mercedes Sosa. Dona de uma voz forte e marcante, La Negra jamais se contentou em apenas interpretar canções. Fez de sua voz a voz dos oprimidos, dos explorados, a voz dos sem voz. Em suas canções, entonou desejos de liberdade e de igualdade tão almejados pelo sofrido povo latino-americano. Ativista em movimentos de esquerda na Argentina, carregava em seu semblante a mistura de traços europeus e indígenas, que faziam dela um exemplo da mestiça população sul-americana. E como tal, jamais se furtou a tarefa de falar por sua gente.

Aprendi a admirá-la quando ainda era criança e a via cantando na televisão, muitas vezes ao lado de músicos gaúchos em programas ou festivais de música nativista. Havia alguma coisa naquela senhora gorda, dona de um vozeirão único que me encantava. Desde então me tornei um admirador da sua obra.

Há pouco mais de um ano consegui realizar um dos meus dois desejos em relação a ela: assistir a um show seu. O segundo desejo, tirar uma foto ao seu lado, não pude concretizar. Durante a apresentação, Mercedes Sosa precisou cantar sentada em uma cadeira, pois já não tinha forças para segurar um show em pé, por cerca de duas horas. Confesso que me emocionei ao ver aquela mulher que sempre me pareceu tão forte, entregar-se à fragilidade de cantar sentada devido a problemas de saúde. Mas a despeito da fraqueza do corpo agravada pela doença (ela sofria de Mal de Chagas), sua voz parecia mais forte do que nunca e preencheu cada espaço do grande teatro onde se apresentou. Quase no final do show, chamou ao palco representantes de vários os países da América Latina que entraram carregando suas bandeiras. Cercada por eles, interpretou Solo le pido a Diós, de Leon Gieco. Depois disso, ficou em pé, numa admirável tentativa de agradar a todos que estavam ali lhe prestigiando, e começou a interpretar Maria Maria (de Milton Nascimento e Fernando Brant), mas seu estado de saúde não permitiu que ela chegasse ao final da música. Despediu-se e retirou-se do palco com a ajuda de um assistente.







Fui ao show para ouvi-la cantar e saí de lá admirado com esse gesto de força: mesmo por pouco mais de um minuto ela ficou em pé, mostrando a todos que é imprescindível lutar, não importa qual inimigo se esteja enfrentando.

Los únicos vencidos son los que no luchan.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

CRUZ ALTA E O CINEMA

Meu primeiro contato com a telona foi no antigo Cine Ideal, em Cruz Alta, onde hoje funciona uma loja de calçados. Lembro das enormes filas nas tardes de domingo, quando passavam filmes do quarteto Os Trapalhões. Aposto também que muitos vão lembrar dessas filas, que começavam em frente ao prédio do cinema e iam até a esquina das Casas Pernambucanas, e por vezes desciam a João Manoel em direção ao Grazziotin. Naqueles tempos não tão distantes, Cruz Alta oferecia boas opções para quem gostava de ir ao cinema e as salas de exibição eram bastante freqüentadas pelos cruzaltenses.



Minha mãe sempre contou que quando criança costumava freqüentar um famoso cinema da cidade, que encerrou suas atividades no início dos anos 80. Talvez por sua grande importância para Cruz Alta, ainda hoje as pessoas se referem àquele prédio situado na Barão do Rio Branco, esquina com a Benjamin Constant, como “Cine Rio”. Hoje uma “parada” de ônibus para quem vai a Ijuí, e onde também funcionam alguns estabelecimentos comerciais. Depois do Cine Rio fechar suas portas, permaneceram ainda outros dois na cidade: o Ideal e o Rex, ambos na Pinheiro Machado.

Quanto ao Cine Rex, não cheguei a conhecer, pois os filmes mais adequados a crianças da minha idade passavam no Ideal. O Rex deve ter fechado suas portas no início dos anos 90. E o Ideal funcionou por mais alguns anos.

Recordo muito bem dos dois últimos filmes que assisti no Ideal, ambos em 1996, quando já estudava em Santa Maria e vinha passar as férias em Cruz Alta. O penúltimo foi Pulp Fiction, do diretor Quentin Tarantino, que já assisti muitas outras vezes. Saímos eu e meu irmão do cinema comentando a desordem cronológica das cenas e, principalmente, a formidável trilha sonora. Na época não eram muito comuns filmes com quebras na seqüência narrativa, e muitas pessoas saíram falando mal do filme, hoje considerado como uma obra-prima do diretor.



O último, assisti sozinho, numa noite fria de julho: Coração Valente, a segunda incursão do ator Mel Gibson como diretor de cinema, que vencera em cinco categorias o Oscar daquele ano, incluindo melhor filme e melhor diretor. Quando deixei o Cine Ideal já era quase meia-noite, pois o filme tem cerca de três horas de duração. E enquanto caminhava para casa, sentindo no rosto o vento cortante do inverno gaúcho, nem imaginava que aquela seria a última vez que assistiria a um filme naquele cinema.

Depois disso, os cinéfilos cruzaltenses ficaram órfãos, e esperaram pacientemente até que se inaugurassem as duas salas de cinema do shopping Erico Veríssimo. A promessa era de que os filmes em cartaz fariam sua estréia concomitantemente a dos grandes centros do país. Talvez no início tenha sido assim, mas por algum motivo a coisa foi se perdendo, o público diminuindo, e as tão esperadas salas acabaram fechando.

Hoje os cruzaltenses apenas assistem filmes no conforto de suas casas, em seus aparelhos de DVD, com a comodidade que desejam e os filmes que escolhem em alguma locadora. Mas falta, com certeza, a magia da grande tela, do som e das poltronas de um verdadeiro cinema, que nem a TV e o sofá de casa podem substituir.

Porém não só da exibição de películas viveu nossa cidade. Na década de 70, Cruz Alta serviu de locação para a adaptação cinematográfica de Ana Terra, com a atriz Rossana Ghessa no papel principal. As filmagens inspiradas no livro de Erico Veríssimo ocorreram na região do Cadeado, sob o comando do diretor Durval Garcia, e o filme foi lançado em 1972. Contam que sua exibição foi muito aguardada na cidade.

Apesar destes fatos, hoje quem mora em Cruz Alta e planeja ir ao cinema, só consegue satisfazer seu desejo se pegar a estrada. Um preço um pouco alto, mas talvez seja a única saída. A solução, no entanto, parece estar longe. Cabe, porém, uma pergunta: existiria alternativa para os cinéfilos da cidade? Isso os cruzaltenses é que podem responder...

sábado, 19 de setembro de 2009

SER GAÚCHO



Há cinco anos morando fora do Rio Grande do Sul, já perdi as contas de quantas vezes ouvi pessoas comentarem que os gaúchos são bairristas, que os gaúchos são prepotentes, que os gaúchos acham que tudo no Rio Grande é melhor. Exagerados aos olhos dos outros, os gaúchos parecem ter algo que outros povos do país não têm, para sustentar essa auto-estima desmedida.

Na realidade, antes de sair de lá, eu nunca havia pensado nesse assunto. Sempre foi tão natural, para mim, amar o Rio Grande e me orgulhar das cores da nossa bandeira. Confesso que os desfiles de 07 de setembro sempre me pareceram tão chatos e sem graça, desde os tempos em que a escola me obrigava a desfilar. Mas pelo contrário, no dia 20 de setembro, data em que se comemora a Revolução Farroupilha e o Estado se ergue em festa, eu sempre me dispunha a ver o desfile tradicionalista tomar conta das principais ruas de minha cidade. O que havia de diferente nessas duas comemorações, aos meus olhos de criança? Talvez o fato de me sentir muito mais próximo das comemorações farroupilhas, simplesmente por que cresci em meio àquelas tradições.

O que percebo hoje, tentando olhar a coisa de longe, é que realmente parecemos estranhos diante do povo de outros estados, que não têm a mesma paixão pela sua terra. Mas não são apenas os gaúchos que são assim. Baianos, pernambucanos e mineiros, por exemplo, também preservam suas raízes e se orgulham da sua história e da sua tradição.

O grande problema dos brasileiros não está nesse suposto bairrismo. O problema é que nós, brasileiros, não nos orgulhamos da nossa Pátria tanto quanto deveríamos. E a resposta a isso pode estar nas dimensões continentais do nosso país. É impossível uma unidade cultural que abranja todo o território. Apesar de todos assistirmos ao Jornal Nacional e falarmos a língua portuguesa (embora com léxico e sotaques diferentes), as diferenças culturais de norte a sul são imensas.

O mérito está, então, em celebrar essa diversidade. O Brasil é um país tão rico culturalmente, que é triste ver que em alguns pontos do país a cultura local está sendo suplantada por culturas estrangeiras. Não que não devamos ser abertos a conhecer o que não nos pertence, mas sim que devemos preservar a nossa cultura para que jamais percamos a nossa identidade.

O Rio Grande do Sul é um dos estados brasileiros que mais preserva sua cultura, cultura essa que faz parte desse “país-continente” chamado Brasil. Apesar dos gaúchos serem muito mais parecidos com argentinos e uruguaios do que com baianos ou pernambucanos, isso não os faz menos brasileiros. A explicação está na sua colonização, iniciada pelos espanhóis, e na proximidade geográfica com nuestros hermanos, fatores que muito contribuíram para a disseminação de hábitos e costumes.

O que falta, repito, não só aos gaúchos, mas a todos os brasileiros é o patriotismo. E esse patriotismo começa com o cultivo de nossas tradições. Cada povo deve fazer o que lhe cabe para perpetuar a identidade do seu pedaço de Brasil. E não lembrar de ser patriota apenas em tempos de Copa do Mundo.

Quanto ao separatismo, com certeza essa não é a opinião de todos os gaúchos, que se fossem tão bairristas e separatistas assim, não teriam saído Brasil afora, dando sua colaboração para o desenvolvimento de áreas inexploradas dessa imensa nação.

Agora, àqueles que me julgarem bairrista, peço desculpas antecipadamente, mas não posso deixar de mencionar o orgulho que sinto em ser gaúcho, ainda mais nessa época do ano em que o tradicionalismo ganha força em meio às comemorações da semana farroupilha. Gaúcho sim, mas sem deixar de ser brasileiro.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

MÃOS NEM TÃO ATADAS

Em meio a tal crise do Senado que anda bombando na mídia, acredito que assim como eu, muitas pessoas devem se perguntar o que é possível fazer para ir contra toda essa sujeira que se espalha entre aqueles que deveriam trabalhar pelos interesses da população, seja no poder executivo ou no legislativo.


Apesar das denúncias, José Sarney parece inatingível. Arrumar “emprego” para o namorado da neta ou desviar recursos públicos destinados às “causas nobres” da fundação que leva seu nome, parece ser tão natural como acordar após uma noite de sono. E falando em sono, será que não lhe pesa a consciência quando deita a cabeça no travesseiro? Eu acho que não, porque depois de uma vida toda dedicada à política, isso tudo deve parece muito natural.


Outra que parece imune a qualquer investigação é a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, que vive em sua casa de R$ 1 milhão enquanto os alunos da rede pública estadual são obrigados a estudar em contêineres de lata. E ela ainda consegue chorar emocionada, em público, ao falar das grandes realizações do seu governo (quais seriam mesmo essas realizações?) e dizer que sonha em voar como as borboletas. Seria somente patético se não fosse a triste realidade, fruto da escolha da maioria dos gaúchos na última eleição (que fique claro que eu nunca fiz parte dessa maioria).


E a cúpula do PT, que tão brilhantemente defendia a ética e a moral??


E a oposição oportunista do DEM e do PSDB, que faz de tudo para impedir qualquer realização do Governo Federal, sem argumentos concisos???


Que a política brasileira é assim, todo mundo sabe. Mas o que é possível fazer para tentar mudar essa realidade? Porque é inadmissível se resignar diante dessa situação e simplesmente achar que não existe concerto.


Tem gente se mexendo para tentar melhorar a cara da nossa política. Existe uma organização chamada “Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral” – MCCE, que há alguns anos vem desenvolvendo campanhas em prol da moralização política do Brasil. A última delas foi uma campanha dedicada a colher 1 milhão e 300 mil assinaturas para encaminhar ao Congresso Nacional um Projeto de Lei que visa aumentar as situações que impedem o registro de candidaturas e uma dessas situações seria a necessidade do candidato comprovar que está com a “ficha limpa”, ou seja, que não tenha sido condenado ou não esteja respondendo a inquéritos sobre crimes como racismo, homicídio, tráfico e desvio de verbas públicas. As assinaturas, colhidas desde o início do ano, devem ser entregues ao presidente da Câmara dos Deputados, Sr. Michel Temer, até o dia 29 de setembro próximo.


Fazem parte da MCCE uma grande quantidade de entidades, entre elas a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a CUT (Central Única dos Trabalhadores) , a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e tantas outras, o que corrobora a seriedade do movimento e demonstra a preocupação geral com relação à situação da nossa política e o desejo de transformá-la.


Mais informações sobre a MCCE e suas campanhas estão no site


É fácil criticar os políticos que estão lá em cima. É cômodo reclamar da situação. Mas tentar mudar as coisas também é possível. Basta deixar o conformismo de lado e entrar em ação...



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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

FERIADÃO + AMIGOS + BAHIA

Para quem trabalha cumprindo horário, escravo do ponto eletrônico e tendo que passar seus dias “úteis” enclausurado dentro de uma empresa, nada melhor que um bom feriado para quebrar a rotina e injetar ânimo novo. Quando o feriado cai numa sexta ou numa segunda, a coisa fica melhor, porque serão três dias (três dias!) longe daquela rotina maçante. E quando os feriados se prolongam, os chamados feriadões, aí parece que a coisa fica ainda mais interessante e a sensação de liberdade ainda maior.
Não é questão de preguiça ou desgosto pelo trabalho. Mas simplesmente a necessidade periódica de reabastecer as energias, afinal vivemos num mundo cada vez mais agitado, onde as responsabilidades crescem e a necessidade de dar conta de várias coisas ao mesmo tempo pode levar a problemas sérios de saúde como o estresse, por exemplo. Depois de um bom feriado, com certeza as pilhas estão recarregadas e é possível voltar ao trabalho totalmente revigorado.
Feriadão faz bem para desestressar.

Outra maneira de esquecer os problemas do dia-a-dia, sejam pessoais ou profissionais, é desfrutar da companhia de amigos. Para quem vive longe da família, os amigos acabam sendo uma companhia muito próxima, com quem se pode contar nos bons e nos maus momentos.
A convivência entre as pessoas exige doses de parceria e compreensão, afinal as relações humanas não são tão simples assim. Mesmo a convivência familiar, que pressupõe uma união mais forte, de sangue, exige certas condições para se desenvolver de maneira agradável. Por isso, nas relações entre amigos, onde não existem laços de sangue e os vínculos podem se quebrar mais facilmente, é preciso saber conhecer, compreender e respeitar o jeito de ser de cada um, para assim fortalecer essas relações. Mesmo entre amigos, que se aproximam por algum tipo de afinidade, existem diferenças de interesses, gostos, objetivos, opiniões, disponibilidade, etc. Mas se todo mundo fosse igual, a vida não teria graça nenhuma.
Uma vez, meu irmão mais novo me disse que eu havia nascido “para viver em bando”. Nunca discordei dele, pois para mim sempre foi importante uma turma de amigos, para garantir uma boa dose de diversão.
Amigos fazem bem para desestressar.

E pra quem gosta de viajar, nada melhor do que aproveitar um feriadão na companhia dos amigos e colocar o pé na estrada. Basta escolher um destino. Bahia, por exemplo.
Quando se chega na capital baiana, é possível perceber de cara a hospitalidade e a descontração do povo local. As pessoas são animadas e conversam pra caramba. E não demora muito para os visitantes entrarem no ritmo.
Salvador é uma cidade cheia de atrativos. É impossível não voltar os olhos para a forte expressividade da cultura local. A cidade transcende sua história por todos os lados e demonstra sua identidade a todos os momentos. Não há como não voltar no tempo ao circular pelas ruas do Pelourinho, nem ficar parado ao som da batida do Olodum. Isso sem falar na beleza natural das praias e ilhas próximas, prontas para serem desfrutadas sob o energizante calor do sol.
Se viajar é bom pra desestressar, Bahia então nem se fala!





segunda-feira, 31 de agosto de 2009

ONDAS

Após um dia inteiro de trabalho em frente ao computador, às vezes me pergunto se ao chegar em casa não é hora de dar um tempo e deixar um pouco a tecnologia de lado e fazer qualquer outra coisa. Mas como estar conectado hoje em dia é uma condição para viver neste mundo onde a internet reina praticamente absoluta e o acesso a qualquer tipo de informação se da com apenas um clique no mouse, é difícil fazer qualquer outra coisa sem antes dar uma olhadinha no que está se passando no mundo virtual.

São tantas coisas para cuidar, que acaba virando uma obrigação acessar diariamente email, orkut, facebook, msn, skype, responder as mensagens recebidas durante o dia, trocar uma idéia rápida com algum amigo e manter contato com a família. E só depois desse ritual é que consigo parar pra assistir TV ou ler alguma coisa. Isso quando não perco a hora e saio da frente do computador direto pra cama. Realmente as tentações da internet são tantas que é bem fácil de perder o controle e desperdiçar com ela o (pouco) tempo útil que ainda resta ao final do dia.

Quando eu era criança, imaginava se algum dia alguém inventaria um telefone no qual fosse possível enxergar a pessoa do outro lado da linha. Hoje basta conectar uma webcam que se consegue enxergar toda a família na tela do computador. Até minha avó de quase 80 anos já entrou nessa e conversa comigo pelo skype.

Sem dúvida a internet veio facilitar, e muito, a comunicação entre as pessoas e tornar mais amplo o acesso que temos a qualquer tipo de informação. O grande problema que vejo é saber como usar tudo isso da melhor maneira possível e não permitir que a internet nos torne seres alienados, que têm tudo na mão e simplesmente ignoram esse fato.

Ontem fui ao cinema assistir a um filme alemão chamado “A Onda” (Die Welle), dirigido por Dennis Gansel. O filme conta a história de um professor, que para motivar os alunos que participam de um curso sobre autocracia, propõe uma espécie de jogo onde ele é o líder e todos os outros devem seguir suas regras. E o que era para ser uma brincadeira durante um curso de uma semana acaba tomando proporções inesperadas e quando o professor se dá por conta, pode ser impossível reverter a situação que ele próprio criou.

Logo no início do filme me chamou a atenção um diálogo entre dois adolescentes, onde um deles afirma que sua geração não tem um ideal pelo qual lutar. O outro complementa dizendo que é apenas isso que se pode esperar de pessoas que vivem num mundo onde a “personalidade” mais pesquisada no google é Paris Hilton. Que expectativas ter de uma geração que não possui nenhum ideal, nenhuma causa nobre que desperte sua atenção e que desperdiça seu tempo procurando saber o que uma patricinha fútil e milionária anda fazendo da vida?

A Onda me fez pensar acerca disso. Diante do vazio em que vivem muitos dos personagens do filme, fica muito fácil se deixar envolver por ideais inspirados em ideologias totalitaristas que já trouxeram muito prejuízo à humanidade. O filme, lançado em 2008, é baseado em uma história que aconteceu há mais de 40 anos na Califórnia (EUA), mas que poderia muito bem se repetir nos dias atuais, frente a esse vácuo que preenche a cabeça de muitos.


É esse vazio que torna vulneráveis aqueles que não se preocupam em alimentar o próprio conhecimento, diante de uma mesa farta e com um cardápio que disponibiliza todo tipo de informação. Basta que se saiba escolher aquela que melhor sacia o paladar de cada um. Ah, e é claro, sempre é bom lembrar que alimentos saudáveis devem ter preferência. (Tudo bem que de vez em quando é muito bom comer um X Bacon e uma porção de batata frita).

Informação não falta. Canais também não. Basta cada um ir atrás daquilo que mais lhe interessa e associar informação e diversão na medida em que julgar mais adequada. O grande problema, na minha opinião, é preterir uma em relação à outra.

E eu agora voltei a ter mais um “compromisso” na frente do computador. Resolvi recriar meu blog, que eu havia extinguido há uns quatro ou cinco anos atrás. Será que é só mais uma onda?