segunda-feira, 22 de março de 2010

A TURMA

Certamete grande parte do prazer desse tempo que passei em Cuba se deveu ao fato de ter conhecido lá um grupo de brasileiros que participou comigo do curso e de algumas etapas da viagem.

Esse vídeo que tô postando abaixo, traz algumas fotos desses dias que vão ficar na memória.

Amigos, valeu pela companhia de todos vocês!




O CURSO DE ROTEIRO DA EICTV

Un corto es uma flecha que va directo al corazón. (Eliseo Altunaga)


O curso básico de roteiro da EICTV tem duração de duas semanas e um dos objetivos do curso é que os alunos saiam de lá com um roteiro de curta-metragem escrito. Em termos de conteúdo, foi possível trabalhar nas duas semanas, com aulas durante o dia e às vezes a noite, questões importantes como estrutura, personagem, diálogo e construção de cenas e ainda questões técnicas como formatação do argumento e do roteiro.


A experiência é válida e recomendo para quem tiver interesse.


Sobre o professor Eliseo Altunaga, que ministrou a última edição: http://www.mercadoguion.com/EliseoAltunaga/bio.html


Sobre esse e outros cursos, existem mais informações no site da escola: www.eictv.org.


Para quem deseja estudar na escola, recomendo contatar a Patricia Martín, que trabalha como representante da escola no Brasil, através do projeto Pro@rte: http://www.cuba-cursos.org



domingo, 21 de março de 2010

EICTV

Escuela Internacional de Cine y TV de San Antonio de los Baños, também conhecida como a “escola de todos os mundos”, surgiu na segunda metade dos anos 80, a partir do sonho de alguns artistas de criar uma escola de cinema que pudesse integrar os países latino-americanos. O projeto acabou sendo apoiado por cineastas da Ásia e da África e acabou dando origem a uma escola de cinema do então terceiro mundo.

O governo cubano ofereceu as instalações e a manutenção básica para a escola e então ganhou vida o projeto encabeçado pelo escritor colombiano Gabriel García Marquez, pelo poeta e cineasta argentino Fernando Birri e pelo cineasta cubano Julio Garcia Espinosa, à época presidente do Instituto Cubano de Cinema (ICAIC). A escola foi inaugurada em 15 de dezembro de 1986. Hoje, quase 25 anos depois, a escola já formou mais de 1500 pessoas de 47 países diferentes, em seu Curso Regular de Cinema e Televisão.


Há algum tempo eu vinha pensando na possibilidade de conhecer a escola e participar de uma oficina de roteiro de curta duração, que fosse capaz de se adaptar às férias do meu trabalho. Até que enfim a oportunidade surgiu e no dia 14 de fevereiro passado eu desembarquei no Aeroporto José Martí em La Habana e dali fui direto à escola.


Eu já sabia que a escola ficava num lugar retirado, próximo à pequena San Antonio de los Baños, mas ao chegar de fato ao local não pude deixar de pensar na magia daquele lugar, praticamente isolado numa área rural, onde se pensa (e se vive) cinema 24 horas por dia. Os alunos do curso regular da escola ficam lá por três anos, envolvidos nessa atmosfera cinematográfica.


Além do curso regular de graduação, que dura três anos e cujas vagas são distribuídas entre estudantes de diversos países, a escola também oferece dois outros tipos de atividades: os cursos de altos estudos, dedicados a profissionais da área que buscam um aperfeiçoamento mais específico, e as oficinas internacionais que oferecem cursos rápidos em diversas áreas, entre elas a de roteiro, para a qual eu me inscrevi. Essa oficina é dedicada exclusivamente para alunos de língua portuguesa e conta com um tradutor para auxiliar àqueles que têm dificuldade com o idioma espanhol.


Cheguei na EICTV no final da tarde daquele domingo, com a bagagem carregada de expectativas. Durante o vôo já havia conhecido duas colegas que fariam o curso comigo, a Mayara e a Cecília, ambas paulistas, mas ainda havia mais gente para conhecer, pois a turma seria de 17 pessoas. O táxi nos deixou em frente à “Carpeta”, a recepção da escola, e fomos atendidos pela Jaquelin, que nos conduziu aos nossos alojamentos. As duas gurias que viajaram comigo ficaram em um apartamento e eu fui para outro. Depois de receber as instruções da recepcionista, averigüei o ambiente e organizei minhas coisas. Da janela do meu quarto dava para ver a horta da escola, de onde sai boa parte dos alimentos que são servidos no refeitório. Observei que havia dois homens parados no meio da horta olhando para algum lugar. Depois de algum tempo olhei novamente e percebi que os homens ainda estavam lá, na mesma posição. Olhei para o outro lado da horta e vi que não eram dois, mas vários. Só então deduzi que se tratava de espantalhos em forma humana. E que depois fiquei sabendo que eram estátuas de alguns cineastas que tiveram importância relevante na história da escola, como Glauber Rocha, Fernando Birri e Francis Ford Coppola.




Em seguida chegaram no apartamento outros dois colegas de curso que já estavam alojados ali, o Kito (RJ) e o Guilherme (SP). Trocamos uma idéia e fomos nos encontrar com as gurias que haviam chegado comigo. Ao descermos encontramos também a Giovana (RJ), a Joelma (BA) e o Rômulo (RJ), e decidimos reunir a turma para conhecer o refeitório e jantar.


O refeitório da escola, onde fizemos nossas refeições durante aquelas duas semanas de curso, oferecia uma comida padrão estilo R.U. de universidade federal, e não se tratava de uma comida excepcional, mas nada que fosse intragável, pelo menos para mim. Alunos, professores e outros convidados da escola, todos comiam a mesma coisa.



Ainda naquela noite conheci o Daniel Berlinsky, do Rio. Na manhã seguinte, conheci o Edson, o quarto integrante do meu apartamento, e que também é gaúcho. E enquanto aguardávamos para acertar nossas contas com a escola, conheci os outros integrantes que ainda não havia encontrado: Patrícia (RJ), Melina (AL), Juliana (outra gaúcha), Joana e Renata (Brasília) e Évanes (SC). A partir daí a turma estava formada e foi uma convivência muito interessante com esses brasileiros de diversos lugares do país, que assim como eu têm um objetivo em comum: escrever roteiros. Foi uma convivência muito interessante, com muita troca de idéias e experiências e de onde surgiram boas amizades e talvez futuras parcerias profissionais.


O dia a dia na escola compreendia as aulas pelas manhãs e tardes, às vezes alguns encontros à noite, idas ao refeitório para as refeições, momentos de reclusão para criar nossas histórias e momentos de trocas de idéias com aqueles com quem se criou uma afinidade maior em termos profissionais. Fora isso, algumas festinhas e também algumas braçadas na piscina olímpica da escola, a qual eu não freqüentei tanto como gostaria devido ao frio e à falta de tempo.


As paredes da escola denunciam os nomes dos profissionais que já circularam pela EICTV, como Coppola, Spielberg, Mike Leigh, Carlos Sorín, Nelson Pereira dos Santos e tantos outros. A energia do cinema transita por aqueles corredores por onde circulam pessoas de diferentes lugares do mundo, todas com o mesmo objetivo: pensar e fazer cinema.



Quem vai à escola buscando comodidade com certeza vai sair de lá um pouco frustrado. A comida é razoável, a hospedagem é simples e a internet é lenta, mas acredito que as vezes é importante sair da nossa zona de conforto para que o estranhamento permita que o intelecto trabalhe mais intensamente.


Foram 15 dias muito proveitosos e a sensação que tive ao deixar da escola foi uma vontade muito grande de voltar.



quarta-feira, 17 de março de 2010

TRINIDAD DE CUBA

A segunda cidade mais antiga do país, Trinidad de Cuba conserva até hoje um ar colonial, e se ignorarmos os carros mais modernos que andam pelas ruas, é possível dizer que estamos fazendo uma viagem no tempo.

Na companhia do Daniel, um amigo que fez o curso na escola junto comigo, passei dois dias nessa pequena cidade bem próxima ao litoral banhado pelo Mar do Caribe. Fiquei hospedado na casa da dona Esther (aquela onde as velhinhas se reuniam a noite para assistir a novela), e a comida servida ali foi uma das melhores que experimentei em Cuba. A experiência foi muito legal, porque deu bem para sentir a vida de uma família do interior, ao qual eu fui sempre acostumado aqui no Brasil. A casa da dona Esther , tal qual a casa da minha avó no interior do Rio Grande do Sul, estava sempre cheia de gente – filhas, genro, netos, amigos, vizinhos – e foi possível trocar boas idéias ali.

No primeiro dia conhecemos boa parte da cidade e paramos num bar para tomar cerveja e acabamos dividindo a mesa com alguns cubanos que tomavam rum, e ficamos por ali um bom tempo batendo papo e trocando idéias sobre Brasil e Cuba. O grande interesse deles, como não poderia deixar de ser, era na mulher brasileira, principalmente nas mulatas.

No segundo dia fomos até Ancón, uma das melhores praias da região e passamos o dia por lá. Foi nesse dia que encontrei um grupo de argentinos tomando chimarrão e pude amenizar minha crise de abstinência enquanto conversávamos sobre política e cinema.

A praia de Ancón também tem águas transparentes e no mesmo tom azulado da que conheci em Havana. Aproveitei esse dia para dar conta de outro vício meu: nadar.

Na quarta-feira depois do almoço nos despedimos da dona Esther e de toda sua turma, e voltamos para Havana.







segunda-feira, 15 de março de 2010

LA HABANA

Depois de uma semana inteira praticamente sem sair da escola (com exceção de uma visita ao vilarejo de Baracoa para uma pesquisa relacionada ao curso e uma rápida ida à Güira de Melena para um jantar com show de transformistas ao qual a turma foi convidada), finalmente arranjei um tempo para conhecer La Habana, a capital dos cubanos, ou simplesmente Havana como chamamos aqui.

Acordei no sábado de manhã com uma ressaca enorme depois de ter ingerido apenas três latinhas de Bucanero, uma cerveja cubana forte pra caramba. Consegui um engov com uma colega prevenida e a dor de cabeça passou. No início da tarde uma parte da galera do curso se reuniu e então pegamos o ônibus da escola que nos levaria à capital.

Depois de uma hora de viagem desembarcamos em frente à Coppelia, uma tradicional sorveteria de Havana, onde pude perceber que havia uma fila enorme de pessoas para comprar sorvete. Um detalhe: ao lado havia um quiosque que vendia sorvetes e estava vazio. Descobri pela Juliana, colega de curso que serviu como guia turístico para todos naquele dia, que os cubanos preferem enfrentar a fila para pagar mais barato o sorvete, em pesos cubanos. O quiosque vende em CUCs (a moeda criada pelo governo para desestimular o uso do dólar pelos turistas), e o custo do sorvete é maior. Mas nada impede um cubano de comprar ali, só vai pagar mais para fugir da fila.

Kito, Daniel, Cecília, Mayara, Carlos

Naquela tarde andamos por Vedado e Centrohabana, dois bairros tradicionais da cidade. É impressionante ver a beleza das construções antigas da cidade e, ao mesmo tempo, é triste ver o seu estado de deterioração. Mesmo assim a cidade é encantadora. O Malecón, que circunda boa parte da orla, permite uma visão interessante de Havana, principalmente no fim da tarde, próximo ao por do sol.

El Malecón

Em Centrohabana fomos a um shopping center (!). Eu até me surpreendi, porque não imaginava encontrar isso por lá. É claro que o shopping não chega nem perto dos templos consumistas a que estamos acostumados aqui no Brasil, mas existe. Como publicitário, me chamou a atenção das logomarcas das lojas, que obedeciam quase todas – com uma ou outra exceção – a um mesmo padrão gráfico.

A arquitetura da região central tem características neoclássicas, certamente por influência da colonização espanhola. Já em Habana Vieja, para onde fomos à noite, há muitas construções em estilo barroco. Nessa parte da cidade já se percebe a recuperação de prédios antigos, provavelmente devido ao turismo, a atividade econômica que vem salvando Cuba dos problemas criados pelo embargo. Nessa mesma noite ao La Bodeguita del Medio, um dos bares mais famosos da região da cidade e que segundo falam, oferece o melhor mojito de La Habana.

Depois desse sábado, ainda tive oportunidade de passar mais alguns dias na cidade, após o término do curso. Foi possível conhecer alguns museus, como o de Artes e o da Revolução, alguns lugares como a Praça da Revolução, que fica numa zona mais moderna da cidade e também uma das praias próximas, Santa Maria del Este, onde a água é de um azul transparente que eu nunca havia visto antes.

Santa Maria del Este

Uma oportunidade interessante foi ter passado alguns dias na casa de duas famílias cubanas, a da Zoe e do Eduardo e a da dona Tereza. Por um preço mais acessível que o dos hotéis, foi possível conviver mais de perto com a realidade local e fazer algumas boas amizades.

Também não posso dexar de dizer que tive excelentes companhias para conhecer La Habana, e no penúltimo dia de viagem só restamos três: eu, o Daniel Lemos e a Cecília. Acho que nesse dia começou a bater uma deprê e o resultado foi o vídeo abaixo.


sexta-feira, 12 de março de 2010

AS FAVORITAS DOS CUBANOS

Que os cubanos adoram o Brasil eu aprendi logo na chegada, com o taxista que me levou de Havana até a escola de cinema, em Santo Antônio de los Baños. O que descobri depois é que um dos grandes motivos que geram essa admiração ao nosso país são as nossas telenovelas, que levam até os cubanos a imagem do Brasil que é vendida pelas produções da TV Globo.


Bastava eu começar uma conversa com um cubano, ao saberem que se tratava de um brasileiro, logo vinha um comentário sobre a qualidade das produções de teledramaturgia da nossa TV. Nas redes de televisão locais também são apresentadas novelas cubanas, mexicanas e colombianas. Mas segundo os próprios cubanos, as brasileiras são suas favoritas.


Falando nisso, o atual fenômeno que vem mobilizando a atenção do povo cubano é a curiosidade em saber quem é a vilã de “La Favorita”, novela de João Emanuel Carneiro, que vai ao ar com o título obviamente traduzido ao espanhol. Parece que a novela que aqui no Brasil arrancou elogios da crítica, mas demorou a cair o gosto do grande público, não teve dificuldades por lá.





Quando encontram um brasileiro, os mais curiosos não resistem e perguntam logo de cara:


– ¿Quien es la mala de la novela? ¿Donatela o Flora?


E basta contar que a vilã é a personagem da Patrícia Pillar que todos ficam surpresos e intrigados porque suas suspeitas recaem sobre Claudia Raia. E então, logo em seguida vinha outra pergunta, na busca de uma justificativa para entender a trama da história. Mas aí eu me negava a responder e falava que o melhor mesmo era assistir a novela, para que não perdesse a graça.


O caso mais difícil que caiu nas minhas mãos foi de uma senhora de 74 anos, em Trinidad de Cuba, que costumava assistir a todos os capítulos na casa de sua vizinha, onde eu estava hospedado. A dona Marta – assim se chama a senhora – me obrigou a buscar na memória o destino da maioria dos personagens, dos quais eu já nem lembrava ao certo. Fui salvo pela dona da casa que interveio pedindo para que eu não contasse mais, senão perderia a graça em acompanhar a novela até o final.





Dona Esther assistindo a novela.


quarta-feira, 10 de março de 2010

CUBA E O REGIME SOCIALISTA

Eu sempre tive um sentimento especial por Cuba, um orgulho de algo que nem era meu, apenas por ver aquele pequeno país da conturbada América Central sobreviver longe do imperialismo norte-americano. Minhas convicções socialistas, que nasceram na infância por influência de um tal Leonel Brizola, me levaram a crer durante muito tempo que a revolução conquistada por Fidel, Che e seus comandados era o caminho ideal contra o capitalismo.

Hoje eu consigo visualizar com um pouco mais de nitidez os prós e os contras dessa história toda e emitir uma opinião mais imparcial e menos apaixonada sobre Cuba. Admiro a firmeza dos irmãos Castro em manter a ilha afastada das garras ianques, mas também discordo de alguns métodos impostos pela ditadura que vigora no país há mais de 50 anos.

É de se admirar que um país como Cuba seja referência na área de medicina para o mundo e que o seu índice de analfabetismo seja zero. Ao se conversar com um cubano, é perceptível o seu nível cultural e sua capacidade de discernimento sobre a situação em que vivem. Todos têm argumentos fundamentados sobre o regime totalitário em que vivem, sejam contra ou a favor.


Cuba vive longe das drogas e se mantém a salvo do tráfico que assola diversos países latino-americanos, e talvez seja isso que colabore para que a violência inexista nas ruas e permita que os turistas andem com tranqüilidade pelas ruas de Havana, sem medo de serem assaltados ou assassinados a sangue frio, como vemos seguidamente acontecer aqui no Brasil.

Pesando contra o regime, não se pode deixar de falar na perda de liberdade de expressão, características de qualquer ditadura, e na falta de liberdade de ir e vir que impedem os cubanos de deixar o país a hora que quiserem, sem anuência do governo.

Os CDR (Comités de Defensa de la Revolución) existem em todos os quarteirões e funcionam como síndicos daquele pequeno espaço, sendo responsáveis por promoções culturais, esportivas, de segurança, etc. E também atuam de alguma forma como fiscais do regime socialista.


As opiniões sobre o sistema político do país são divergentes entre os cubanos. D., uma jovem de 30 anos, moradora de Cienfuegos e que viajava à Havana a trabalho, no mesmo ônibus que eu, vê em Cuba um paraíso para se viver e se orgulha da qualidade da educação e da saúde do país, mesmo reconhecendo os problemas que vivem. R., um rapaz de 21 anos que trabalha como massagista, critica o militarismo e diz que alguém que fala contra o governo pode ser preso caso seja denunciado e a partir daí ninguém mais sabe o que pode acontecer.



São opiniões divergentes sobre um país fascinante. Visitar Cuba manteve acesa minha paixão pelo país e, em contrapartida, me ajudou a analisar a situação mais cautelosamente, ouvindo opiniões diferentes e que de alguma forma se complementam.




segunda-feira, 8 de março de 2010

CUBA

Depois de 3 semanas em Cuba, estou voltando a postar no blog. A minha idéia inicial era manter o blog atualizado diretamente de lá, pra ir contando da viagem a medida que ela acontecia, mas como a internet na ilha é muito lenta, acabei desistindo e deixei para escrever na volta ao Brasil.

O motivo que me levou até lá foi um curso de roteiro na Escuela Internacional de Cine y TV de Santo Antonio de los Baños, mas sobre a escola eu comento depois, num post específico. Vou me concentrar agora nas impressões que tive acerca do país do Fidel (e do Raul).

Cheguei no Aeroporto Jose Martí em Havana no domingo, dia 14/02, e logo de cara da para se perceber que se trata de um país diferente. Nunca tinha visto um aeroporto vermelho antes, e uma decoração interessante: pendem do teto bandeiras de todos os países do mundo, inclusive dos Estados Unidos.

Quando fui atendido na alfândega, uma câmera digital registrou minha imagem no momento em que meu visto era carimbado por uma senhora com uma imensa flor verde-limão nos cabelos e unhas enormes e com detalhes coloridos. Um visual brega, mas bem cuidado, que se repetia em cada uma das mulheres que trabalhavam no aeroporto (e depois fui descobrir que esse estilo era usado pela maioria das mulheres cubanas).

Na companhia de mais duas colegas que fariam o curso comigo e que viajaram no mesmo vôo que eu (Mayara e Cecília), peguei um táxi para ir até a escola e a viagem rendeu altos papos com Alberto, o taxista. No caminho para Santo Antonio de los Baños cruzamos por diversos carros antigos e uma região quase que totalmente rural.

Assim como o taxista Alberto, a maioria dos cubanos gosta de conversar e tem um estilo espontâneo e alegre, além de serem muito receptivos. E bastava falar que eu era brasileiro para que exaltassem nosso país e nosso presidente “Lula da Silva”.

Os cubanos sofrem as conseqüências do embargo econômico, assim como nós brasileiros sofremos com a desigualdade social, a fome, as filas nos hospitais e outros tantos problemas que assolam nosso país. E assim como os brasileiros, os cubanos não desistem nunca. Se viram como podem para não deixar o barco afundar, e também se dividem na sua opinião com relação ao governo e ao regime. Para alguns é perfeito, para outros é péssimo.

Com certeza a ditadura e o embargo trouxeram muitos problemas ao país, mas também garantiram pontos positivos, mas sobre isso comento depois.