segunda-feira, 19 de outubro de 2009

BASTARDOS E GUERRILHEIROS

Nesse final de semana consegui assistir a dois filmes que eu esperava ansiosamente para ver. Um deles foi Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino, e o outro foi a segunda parte da saga do argentino Ernesto Guevara, Che – A Guerrilha, de Steven Soderbergh. Os dois filmes, cada um a sua maneira, falam sobre dois momentos da nossa história recente e sobre dois personagens reais que deixaram marcas de sua passagem pelo século XX.



Che – A Guerrilha narra a tentativa de Guevara de realizar na Bolívia uma revolução nos moldes da promovida em Cuba, que fazia parte do seu objetivo maior de estender a revolução socialista a toda a América Latina. Essa segunda parte tem um ritmo mais lento que a primeira (Che, o Argentino, que aborda a revolução em Cuba, promovida por Fidel Castro para depor o ditador Fulgêncio Batista e tomar o poder), o que a torna um pouco monótona e arrastada.
Ao mostrar os últimos passos da vida de Che na Bolívia, Soderbergh acaba centrando sua narrativa nas dificuldades ocorridas durante o movimento guerrilheiro, mas sem se aprofundar muito nas causas do seu insucesso. Diferentemente de Cuba onde o povo queria a revolução, na Bolívia a população não havia despertado para o mesmo interesse, talvez por puro comodismo ou por não vislumbrarem possibilidades de melhoras. Além disso, os partidos comunistas bolivianos, tanto o ligado à União Soviética quanto o ligado à China, se isentaram de participar do movimento e não apoiaram a causa. Ou seja, a luta era de Che e seu ideal revolucionário e dos poucos homens que acreditavam na possibilidade de vencer a pobreza e a exploração naquele país através da implantação de um governo mais justo.
Benício del Toro desempenha de forma competente seu papel e consegue levar às telas um Che acima de tudo humano, fugindo dos estigmas pelos quais é conhecido hoje em dia, tanto pelos que o endeusam quanto pelos que o crucificam. Apesar da seqüência não ter o mesmo vigor do primeiro filme, as cenas finais, onde são apresentados os últimos momentos de vida de Ernesto Guevara, são realmente emocionantes, e me fizeram pensar no que poderia ser a América Latina hoje, se ele tivesse conseguido tornar realidade seus objetivos revolucionários.



Já o filme de Quentin Tarantino, Bastardos Inglórios, aborda a ocupação nazista na França durante a segunda grande guerra. A visão de Tarantino, porém, não busca ser fiel à realidade e mistura fatos reais e ficção numa saga que conta a história de um batalhão comandado pelo tenente americano Aldo Raine (Brad Pitt) que é enviado a França para matar e escalpelar nazistas.
Além do tentente Raine, vários outros personagens se destacam no filme, como o repulsivo Coronel Landa (Christoph Waltz), o judeu-americano Donny Donowitz (Ely Roth) que mata nazistas com um bastão e um caricato Hitler (Martin Wuttke). Com doses um pouco menores de sangue do que as contidas em Cães de Aluguel e Kill Bill, Bastardos Inglórios caminha para uma vingança armada pelos judeus contra os nazistas e, diga-se de passagem, me deixou com vontade de fazer parte do batalhão dos bastardos.
A utilização do cinema dentro do cinema, como metalinguagem, também é um ponto interessante do filme, que apresenta o ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels lançando sua nova produção em um cinema que (ele não sabe) pertence a uma judia. Há ainda uma menção a Leni Riefenstahl, a grande documentarista do cinema nazista, tida por muitos como referência na história do documentário (não pelo conteúdo e sim pelas extraordinária estética que utilizava).
Ainda que seja apenas ficção, Quentin Tarantino me fez sair do cinema com a alma lavada.

Fica aí a dica de dois filmes que merecem ser vistos.

2 comentários:

  1. Sou fã do Tarantino, mas ainda não vi esse filme... parece ser muito bom... valeu muito esse post, cara!

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  2. Baixei ontem Bastardos Inglórios, depois que assistir venho comentar!

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