segunda-feira, 28 de junho de 2010

A história de Janete

Janete era apenas mais uma desempregada, dentre tantas em nosso país. E estava à procura de um emprego, um bom emprego, que lhe garantisse o sustento e permitisse ajudar em casa, afinal a aposentadoria de seu pobre pai cobria apenas o custo dos remédios que ele tomava. E a de sua mãe, servia apenas para o básico necessário à sobrevivência daquela pequena família do subúrbio curitibano.

Todo dia Janete comprava a gazeta e avidamente abria as páginas dos classificados. Seus olhos percorriam, afoitos, a sessão de empregos, em busca de algo que pudesse mudar sua situação financeira. Até que, naquele dia, encontrou algo que vinha de encontro aos seus anseios. Uma proposta de emprego para aquilo que mais sabia fazer. Ela aprendera o ofício com a mãe e agora chegara a sua vez de colocar em prática os seus conhecimentos.

E num fim de tarde ela saiu de sua casa em direção à Rua Piquiri, número 737. Perdeu o primeiro ônibus que a levaria ao terminal mais próximo, onde pegaria o Interbairros que a deixaria próximo ao seu destino. Era quase início da noite mas Janete não desistia. Era sua chance.



CORTO CABELO E PINTO


Elenco:
Fabíola Melo, Klaus Koti, Melanie Narozniak, Thereza Cristina de Oliveira, Tyago Martins e Christiane Spode.

Equipe Técnica:
Carlos Vogel, Christiane Spode, Fábio Henrique da Silva, Fabíola Melo, Giselle Nicaretta, Guilherme Bucco, Jonas Sanson, Klaus Koti, Melanie Narozniak, Rodney Miyakawa, Rodrigo Stulzer, Thereza Cristina de Oliveira, Thomas Kuhn, Tyago Martin, Vicente César Farias e Willian Keller Miranda.

Coordenação:
Luciano Coelho

Realização:
Projeto Olho Vivo

segunda-feira, 21 de junho de 2010

AS MINHAS COPAS

Hoje eu estava tentando lembrar por quantas copas eu já passei. A primeira que aconteceu depois que eu nasci foi a de 78, mas dessa eu não lembro porque tinha menos de um ano de idade.Lembro vagamente da Copa de 82, quando eu tinha de 4 para 5 anos. Não tinha nem idéia de que eu fazia parte de um país chamado Brasil, que possuía uma seleção e que disputava a tal copa. Eu torcia pro Zico. E fiquei triste quando meu pai disse que o Brasil tinha perdido, pois foi quando descobri que o “time” do Zico era o Brasil.

A Copa do México, de 1986, eu acompanhei de perto, e quando ouço falar em Copa do Mundo, é a primeira na qual eu penso. Enquanto a seleção entrava na disputa, eu, meu irmão e os amigos da nossa rua organizávamos torneios de cobrança de pênaltis, onde cada um representava um país da copa. O maior problema era que todo mundo queria ser o Brasil. Dessa copa, lembro até hoje do grupo que nossa seleção fazia parte: Argélia, Irlanda do Norte e Espanha. Lembro também dos 4 x 0 em cima da Polônia nas oitavas-de-final e da frustrante derrota para a França, num dia em que a família toda passou a tarde em frente à TV acompanhando partida em que os craques Zico e Sócrates perderam pênaltis que poderiam ter levado o Brasil a frente.

Em 90, frustração ainda maior com a eliminação do Brasil nas oitavas-de-final, contra sua maior rival, a Argentina. Apesar da derrota, continuei minha coleção de figurinhas de bandeiras que vinham nos pacotes de salgadinhos da Elma Chips e ficou faltando somente a bandeira da Itália, que era o palpite do Pelé para aquela edição do mundial.

A Copa de 94, nos EUA, trazia dois ídolos da torcida colorada, o goleiro Taffarel e Dunga, atual técnico da seleção. Essa deu gosto de acompanhar e a final entre Brasil X Itália foi uma partida sofrida e inesquecível. Depois do resultado, muita festa nas ruas de Cruz Alta e um dos meus primeiros porres (de leve, mas foi um porre).

Em 1998, provavelmente pelo título na copa anterior, a expectativa era novamente pelo primeiro lugar. Depois da dramática semi-final entre Brasil e Holanda, chegávamos novamente a uma decisão. A turma de amigos toda reunida no nosso QG de festas e encontros, a casa da Arlete e da Patrícia Longhi. Final vergonhosa, difícil de engolir aqueles 3 x 0. Mas como tudo era festa, saímos pra rua comemorar o vice-campeonato.

2002: enfim o Penta. A primeira fase foi mamatinha. Turquia, Costa Rica e China no grupo do Brasil. Nas oitavas pegamos a Bélgica, nas quartas a Inglaterra e na semi-final novamente a Turquia. No grande dia, toda a turma reunida novamente, dessa vez na casa do Vagner e da Paula. Dois gols do Ronaldo garantiram a quinta taça para o Brasil. Depois, carreata no centro da cidade e muita, mas muita cerveja.

Em 2006, outra frustração com a eliminação do Brasil nas quartas-de-final, novamente pelas mãos, ou melhor, pelos pés da França. Eu estava tão empolgado com as possibilidades do meu time na Libertadores da América daquele ano, que nem me importei muito com a eliminação da seleção. Tanto que alguns meses depois o Internacional, após de faturar a Libertadores, trouxe também a taça do Mundial Interclubes para cá e a festa (pelo menos a minha) foi maior que a de um título mundial na Copa do Mundo.

Pra 2010 a expectativa é grande. Acredito que o time do Brasil tem sérias chances de papar o Hexa. Vou fazer a minha parte, que é torcer. O resto deixo com o Dunga e seus comandados. No mais, to curtindo essa copa de imprevistos e de zebras correndo soltas pela África do Sul.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O FILÓSOFO E OS REACIONÁRIOS

Sócrates (não o original, mas sim o ex-jogador de futebol) ao filosofar sobre as escolhas do técnico Dunga, em entrevista para o jornal britânico The Guardian, proferiu a seguinte frase: “Dunga é gaúcho, do extremo sul do Brasil. E eles são os brasileiros mais reacionários”.

Não sei exatamente o que ele entende por reacionário, mas pelo meu entendimento acredito que ele está um tanto quanto equivocado. Concordo sim que existam gaúchos reacionários, assim como existem paulistas, cariocas e baianos reacionários. Mas generalizar ao ponto de envolver todo um povo sob esse estigma é uma atitude no mínimo ignorante e preconceituosa. A atitude de uma pessoa não pode ser generalizada para a de uma população inteira. Isso se concordarmos que o Dunga seja realmente reacionário, o que na minha opinião também não é verdade.

Quanto à afirmação do Sócrates sobre os gaúchos, tenho lá minhas dúvidas. Os gaúchos já brigavam contra o Império, em função dos altos impostos, e lutavam por seus direitos. Não foi à toa que o Rio Grande se lançou numa revolução que durou dez anos. Pergunto: lutar contra o status quo é ser reacionário?

No início do século XX, um tal Luís Carlos Prestes encabeçou um movimento que percorreu, durante mais de dois anos, o interior do Brasil, denunciando a miséria e a exploração do povo brasileiro pelos líderes políticos. Em 1930 foi a vez de Getúlio Vargas acabar com um modelo político que há anos tomava conta do poder no país, a chamada “República Café com Leite”. Seriam os gaúchos os reacionários? Ou os paulistas e mineiros que queriam manter-se no poder a todo custo?

No início dos anos 60, um movimento surgido no Rio Grande do Sul garantiu que a constituição federal fosse cumprida e adiou por alguns anos o iminente golpe militar. Falo da Cadeia da Legalidade, idealizada e posta em prática por Leonel Brizola.

Mais recentemente, foi no Rio Grande do Sul que surgiu o Fórum Social Mundial, abrindo caminho para a discussão e a crítica à dominação político-econômica dos países capitalistas. De Porto Alegre, no extremo sul do Brasil, o fórum foi para Mumbai na Índia, depois passou por Bamako, no Mali; Caracas, na Venezuela; Karachi, no Paquistão; Nairóbi, no Quênia e andou até por Belém do Pará, terra do Sócrates.

É por essas e outras tantas coisas que não posso concordar com o que o ex-jogador falou. O gaúcho pode ser conservador, nisso eu concordo. Mas reacionário não. O gaúcho é apegado às suas tradições, se orgulha disso e faz questão de preservar sua cultura, mas jamais fugiu à luta e nunca foi avesso a mudanças. Talvez sejam essas características que causem estranhamento ao ex-jogador que nunca levantou a Copa do Mundo (ao contrário de Dunga, capitão da equipe que nos trouxe o Tetra).

Deixando o pseudo-filósofo de lado, quero terminar dizendo que confio no Dunga e acredito no potencial dele como técnico, afinal ele deve ter sido escolhido para o cargo por ter qualidades para tanto e não por ser deste ou daquele estado.


Se alguém quiser ler mais sobre o assunto:

The Guardian:
http://www.guardian.co.uk/theobserver/2010/jun/13/socrates-brazil-football-world-cup

Jorge Furtado, em seu blog:
http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/o-julgamento-de-s%C3%B3crates

quarta-feira, 9 de junho de 2010

ENTRE QUADRINHOS

Eu confesso que nunca fui um leitor voraz de quadrinhos, muito menos fã de super-heróis. Não manjo muita coisa sobre o assunto e minhas leituras na área se restringiram, na infância, à Turma da Mônica, Tio Patinhas e outros da Disney, e hoje em dia a tiras de quadrinhos publicadas em jornais, como as da Mafalda e as do Radicci.

Fazer parte da equipe de realização de um documentário sobre o assunto me fez conhecer um pouco mais sobre o tema e sobre os amantes de quadrinhos, que eu sempre enxerguei como "nerds".

Nesse documentário, há quem se confesse nerd, há quem colecione um grande número de publicações e encha a casa de quadrinhos, há quem passe esse gosto para os filhos... São diversas formas de manifestar essa paixão. Eu cá, tenho as minhas, como cinema por exemplo. E olhando pras minhas paixões, ficou mais fácil compreender a alma destes inveterados amantes dos quadrinhos.

Fica aqui o convite pro lançamento do documentário, na próxima terça-feira, dia 15/06, às 20 hs, na Cinemateca - Rua Pres. Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco - Curitiba PR.





segunda-feira, 7 de junho de 2010

Pense, leia, informe-se, mas não se deixe influenciar

Em época de eleições, começam a pipocar emails que procuram denegrir a imagem de um ou outro candidato. E as pessoas vão recebendo esses emails e repassando sem ao menos checar se aquelas informações que estão enviando adiante procedem ou não.

A circulação de informações ganhou uma força imensurável a partir da expansão da internet e o grande problema é que a maioria dessas informações circulam na rede sem nenhum filtro. É difícil saber o que é verdade ou mentira, numa primeira leitura. Circulam textos literários atribuídos a autores que sequer tomaram o conhecimento da existência de suas “criações”.

Já li diversos textos atribuídos ao Luís Fernando Veríssimo, por exemplo, que para quem conhece seu estilo basta apenas uma passada de olhos para ver que se trata de um embuste. Mas quem não conhece e não se certifica antes de reenviar, colabora com o fato de estar colocando palavras na boca dos outros. Há poucos dias li um texto da Martha Medeiros no Zero Hora falando justamente sobre um texto que circulava na internet e atribuíam a ela, cujas opiniões eram totalmente divergentes das suas.

O perigo vai mais longe. Há pessoas que ficam doentes e começam a procurar sintomas no google e se automedicam com base no que leram na internet. Isso é realmente preocupante.

Agora voltando à questão das eleições, antes de repassar qualquer email é bom checar as informações, para não atacar ninguém indevidamente. Mas sinceramente, eu acho que bem mais interessante do que perder tempo enviando esse tipo de email, é ler e se informar sobre os candidatos, seus partidos, seu estilo de trabalho (se trabalha ou não...), o que seu partido vem fazendo nos locais onde é governo, a política econômica que segue, entre tantas outras coisas. É a consciência política de cada um e o acesso a informações sérias que irão auxiliar na escolha dos melhores candidatos na próxima eleição.

Pense, leia, informe-se, mas não se deixe influenciar por qualquer tipo de informação que circula impunemente pela rede.