quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Cruzando os campos do Rio Grande

No ano de 1837, em plena Revolução Farroupilha, alguns gaúchos que viviam na região entre o Rio Camaquã e a barra do Rio Tramandaí, assistiram a uma cena atípica: alguns barcos cortaram os campos do Rio Grande, sustentados por rodas de carreta e puxados tropas de bois. A estratégia fazia parte de uma manobra idealizada por Giuseppe Garibaldi, que tinha o objetivo de ocupar a cidade de Laguna, em Santa Catarina, e para isso era necessário transportar os barcos que foram construídos na estância de uma das irmãs de Bento Gonçalves, sem que fossem interceptados pelas tropas imperiais. E como uma boa parte da região da Lagoa dos Patos estava ocupada, o jeito foi transportar os barcos por terra mesmo.



E agora, quase 200 anos depois, os gaúchos se deparam novamente com uma cena incomum para seus olhos. Eis que um Boeing 737 está percorrendo por terra uma distância ainda maior que a dos barcos de Garibaldi. A fuselagem do avião, com cerca de 33 metros de comprimento, deixou o Aeroporto Salgado Filho por volta das 22hs desta quarta-feira, com destino à cidade de Panambi, no noroeste do estado, onde deverá ser transformada numa sala de cinema, que funcionará junto ao Museu Militar Brasileiro daquela cidade.


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

AINDA SOBRE AS ELEIÇÕES

Com diferença de mais de 12 milhões de votos, Dilma Roussef foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil. Apesar da campanha eleitoral ter descambado para um nível indesejável, a maioria da população preferiu não dar ouvidos ao jogo sujo da campanha de Serra e seguir firme no propósito de dar continuidade ao trabalho iniciado por Lula.

Eleição encerrada, votação apurada, nome da nova presidente divulgado. E quando eu achei que a sessão de absurdos se encerraria, percebo o contrário. Tenho lido e ouvido tantas coisas descabidas de domingo a noite para cá, que é impossível não me sentir revoltado.

Desqualificar o voto de alguns brasileiros, por viverem em uma região mais pobre, por exemplo. Será que por eu viver no sul, meu voto vale mais do que o de alguém que vive no norte? Será que o fato do sudeste ser a região mais desenvolvida do país, o voto dos seus habitantes tem uma qualidade maior que o dos nordestinos? É triste saber que existem pessoas que pensam dessa forma e discriminam seu semelhante, a medida que os definem como "massa de manobra", "ignorantes" ou outros absurdos do gênero. Democracia pressupõe respeitar a vontade da maioria, mesmo quando essa vontade é diferente da nossa.

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Não considero que o governo do Lula tenha sido perfeito, pelo contrário, me decepcionei com algumas atitudes do PT, que me fizeram rever todos os meus conceitos sobre política. Mas apesar de tudo, não posso fechar meus olhos ante os bons resultados apresentados. Foram 8 anos de muitas conquistas sociais que mudaram a cara do Brasil, com milhares de pessoas deixando para trás a linha de pobreza. É claro que políticas assistencialistas não podem ser utilizadas como solução por um longo período. É preciso partir delas, mas em direção à geração de empregos e oportunidades de qualificação. As políticas assistencialistas devem ser um primeiro passo, permitindo aos menos favorecidos economicamente ter suas necessidades básicas saciadas. Com a barriga vazia, ninguém consegue estudar ou trabalhar. Depois disso é necessário avançar. E o governo Lula já deu um grande passo, que foi diminuir as taxas de desemprego e ampliar o número de universidades públicas.

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O grande problema da maioria das pessoas é o egoísmo. Querer tudo para si. Eu não me importo em pagar impostos e o meu dinheiro ser usado pra matar a fome de alguém. Desde que esse dinheiro seja usado com responsabilidade. Existe um discurso de que a classe média tem sofrido, porque o governo só faz pelos pobres. Mas será que isso é totalmente verdade? As pessoas reclamam, mas quase todo mundo tem carro na garagem e TV de LCD. A cada dia tem mais carro circulando nas ruas. Todo mundo quer mais e mais, sem querer abrir mão de nada.

Acredito que é preciso parar de olhar para o próprio umbigo e tentar enxergar os resultados através de uma perspectiva um pouco maior. É preciso “ver” socialmente. Quem tem muito dinheiro dificilmente sairá perdendo a ponto de passar fome. Agora, para quem não tem nada, um prato de comida faz muita diferença.

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É por essas e por outras coisas que fico feliz com a eleição da Dilma. E acredito que o papel de todos os brasileiros, a partir de agora, é fazer a sua parte para que o novo governo tenha êxito. E fazer a sua parte envolve fiscalizar para que as coisas aconteçam corretamente, em todos os sentidos. Só acho que não vale fazer o que muita gente faz, que é torcer contra. Porque aí estamos torcendo contra nós mesmos, pois querendo ou não, somos parte desse país e temos que respeitar a opinião da maioria.


A comida do McDonalds e as mudanças nas relações de trabalho

Em outubro, um tribunal do Rio Grande do Sul deu ganho de causa a um ex-funcionário do McDonalds que engordou 30 kg em 12 anos de trabalho. De acordo com o advogado do caso, uma das funções do ex-funcionário era a degustação dos produtos vendidos no estabelecimento. Além de uma indenização de R$ 30 mil, a empresa terá que custear um tratamento médico pro cara, visando a redução de peso.

Esse tipo de decisão da justiça pode ser um bom sinal e me leva a crer que existe uma tendência com relação à humanização das relações de trabalho, que talvez faça com que as grandes corporações passem a ver seus funcionários como pessoas não apenas no discurso, mas também na prática.

Quanto à comida do McDonalds...