segunda-feira, 31 de agosto de 2009

ONDAS

Após um dia inteiro de trabalho em frente ao computador, às vezes me pergunto se ao chegar em casa não é hora de dar um tempo e deixar um pouco a tecnologia de lado e fazer qualquer outra coisa. Mas como estar conectado hoje em dia é uma condição para viver neste mundo onde a internet reina praticamente absoluta e o acesso a qualquer tipo de informação se da com apenas um clique no mouse, é difícil fazer qualquer outra coisa sem antes dar uma olhadinha no que está se passando no mundo virtual.

São tantas coisas para cuidar, que acaba virando uma obrigação acessar diariamente email, orkut, facebook, msn, skype, responder as mensagens recebidas durante o dia, trocar uma idéia rápida com algum amigo e manter contato com a família. E só depois desse ritual é que consigo parar pra assistir TV ou ler alguma coisa. Isso quando não perco a hora e saio da frente do computador direto pra cama. Realmente as tentações da internet são tantas que é bem fácil de perder o controle e desperdiçar com ela o (pouco) tempo útil que ainda resta ao final do dia.

Quando eu era criança, imaginava se algum dia alguém inventaria um telefone no qual fosse possível enxergar a pessoa do outro lado da linha. Hoje basta conectar uma webcam que se consegue enxergar toda a família na tela do computador. Até minha avó de quase 80 anos já entrou nessa e conversa comigo pelo skype.

Sem dúvida a internet veio facilitar, e muito, a comunicação entre as pessoas e tornar mais amplo o acesso que temos a qualquer tipo de informação. O grande problema que vejo é saber como usar tudo isso da melhor maneira possível e não permitir que a internet nos torne seres alienados, que têm tudo na mão e simplesmente ignoram esse fato.

Ontem fui ao cinema assistir a um filme alemão chamado “A Onda” (Die Welle), dirigido por Dennis Gansel. O filme conta a história de um professor, que para motivar os alunos que participam de um curso sobre autocracia, propõe uma espécie de jogo onde ele é o líder e todos os outros devem seguir suas regras. E o que era para ser uma brincadeira durante um curso de uma semana acaba tomando proporções inesperadas e quando o professor se dá por conta, pode ser impossível reverter a situação que ele próprio criou.

Logo no início do filme me chamou a atenção um diálogo entre dois adolescentes, onde um deles afirma que sua geração não tem um ideal pelo qual lutar. O outro complementa dizendo que é apenas isso que se pode esperar de pessoas que vivem num mundo onde a “personalidade” mais pesquisada no google é Paris Hilton. Que expectativas ter de uma geração que não possui nenhum ideal, nenhuma causa nobre que desperte sua atenção e que desperdiça seu tempo procurando saber o que uma patricinha fútil e milionária anda fazendo da vida?

A Onda me fez pensar acerca disso. Diante do vazio em que vivem muitos dos personagens do filme, fica muito fácil se deixar envolver por ideais inspirados em ideologias totalitaristas que já trouxeram muito prejuízo à humanidade. O filme, lançado em 2008, é baseado em uma história que aconteceu há mais de 40 anos na Califórnia (EUA), mas que poderia muito bem se repetir nos dias atuais, frente a esse vácuo que preenche a cabeça de muitos.


É esse vazio que torna vulneráveis aqueles que não se preocupam em alimentar o próprio conhecimento, diante de uma mesa farta e com um cardápio que disponibiliza todo tipo de informação. Basta que se saiba escolher aquela que melhor sacia o paladar de cada um. Ah, e é claro, sempre é bom lembrar que alimentos saudáveis devem ter preferência. (Tudo bem que de vez em quando é muito bom comer um X Bacon e uma porção de batata frita).

Informação não falta. Canais também não. Basta cada um ir atrás daquilo que mais lhe interessa e associar informação e diversão na medida em que julgar mais adequada. O grande problema, na minha opinião, é preterir uma em relação à outra.

E eu agora voltei a ter mais um “compromisso” na frente do computador. Resolvi recriar meu blog, que eu havia extinguido há uns quatro ou cinco anos atrás. Será que é só mais uma onda?