terça-feira, 29 de setembro de 2009

CRUZ ALTA E O CINEMA

Meu primeiro contato com a telona foi no antigo Cine Ideal, em Cruz Alta, onde hoje funciona uma loja de calçados. Lembro das enormes filas nas tardes de domingo, quando passavam filmes do quarteto Os Trapalhões. Aposto também que muitos vão lembrar dessas filas, que começavam em frente ao prédio do cinema e iam até a esquina das Casas Pernambucanas, e por vezes desciam a João Manoel em direção ao Grazziotin. Naqueles tempos não tão distantes, Cruz Alta oferecia boas opções para quem gostava de ir ao cinema e as salas de exibição eram bastante freqüentadas pelos cruzaltenses.



Minha mãe sempre contou que quando criança costumava freqüentar um famoso cinema da cidade, que encerrou suas atividades no início dos anos 80. Talvez por sua grande importância para Cruz Alta, ainda hoje as pessoas se referem àquele prédio situado na Barão do Rio Branco, esquina com a Benjamin Constant, como “Cine Rio”. Hoje uma “parada” de ônibus para quem vai a Ijuí, e onde também funcionam alguns estabelecimentos comerciais. Depois do Cine Rio fechar suas portas, permaneceram ainda outros dois na cidade: o Ideal e o Rex, ambos na Pinheiro Machado.

Quanto ao Cine Rex, não cheguei a conhecer, pois os filmes mais adequados a crianças da minha idade passavam no Ideal. O Rex deve ter fechado suas portas no início dos anos 90. E o Ideal funcionou por mais alguns anos.

Recordo muito bem dos dois últimos filmes que assisti no Ideal, ambos em 1996, quando já estudava em Santa Maria e vinha passar as férias em Cruz Alta. O penúltimo foi Pulp Fiction, do diretor Quentin Tarantino, que já assisti muitas outras vezes. Saímos eu e meu irmão do cinema comentando a desordem cronológica das cenas e, principalmente, a formidável trilha sonora. Na época não eram muito comuns filmes com quebras na seqüência narrativa, e muitas pessoas saíram falando mal do filme, hoje considerado como uma obra-prima do diretor.



O último, assisti sozinho, numa noite fria de julho: Coração Valente, a segunda incursão do ator Mel Gibson como diretor de cinema, que vencera em cinco categorias o Oscar daquele ano, incluindo melhor filme e melhor diretor. Quando deixei o Cine Ideal já era quase meia-noite, pois o filme tem cerca de três horas de duração. E enquanto caminhava para casa, sentindo no rosto o vento cortante do inverno gaúcho, nem imaginava que aquela seria a última vez que assistiria a um filme naquele cinema.

Depois disso, os cinéfilos cruzaltenses ficaram órfãos, e esperaram pacientemente até que se inaugurassem as duas salas de cinema do shopping Erico Veríssimo. A promessa era de que os filmes em cartaz fariam sua estréia concomitantemente a dos grandes centros do país. Talvez no início tenha sido assim, mas por algum motivo a coisa foi se perdendo, o público diminuindo, e as tão esperadas salas acabaram fechando.

Hoje os cruzaltenses apenas assistem filmes no conforto de suas casas, em seus aparelhos de DVD, com a comodidade que desejam e os filmes que escolhem em alguma locadora. Mas falta, com certeza, a magia da grande tela, do som e das poltronas de um verdadeiro cinema, que nem a TV e o sofá de casa podem substituir.

Porém não só da exibição de películas viveu nossa cidade. Na década de 70, Cruz Alta serviu de locação para a adaptação cinematográfica de Ana Terra, com a atriz Rossana Ghessa no papel principal. As filmagens inspiradas no livro de Erico Veríssimo ocorreram na região do Cadeado, sob o comando do diretor Durval Garcia, e o filme foi lançado em 1972. Contam que sua exibição foi muito aguardada na cidade.

Apesar destes fatos, hoje quem mora em Cruz Alta e planeja ir ao cinema, só consegue satisfazer seu desejo se pegar a estrada. Um preço um pouco alto, mas talvez seja a única saída. A solução, no entanto, parece estar longe. Cabe, porém, uma pergunta: existiria alternativa para os cinéfilos da cidade? Isso os cruzaltenses é que podem responder...

sábado, 19 de setembro de 2009

SER GAÚCHO



Há cinco anos morando fora do Rio Grande do Sul, já perdi as contas de quantas vezes ouvi pessoas comentarem que os gaúchos são bairristas, que os gaúchos são prepotentes, que os gaúchos acham que tudo no Rio Grande é melhor. Exagerados aos olhos dos outros, os gaúchos parecem ter algo que outros povos do país não têm, para sustentar essa auto-estima desmedida.

Na realidade, antes de sair de lá, eu nunca havia pensado nesse assunto. Sempre foi tão natural, para mim, amar o Rio Grande e me orgulhar das cores da nossa bandeira. Confesso que os desfiles de 07 de setembro sempre me pareceram tão chatos e sem graça, desde os tempos em que a escola me obrigava a desfilar. Mas pelo contrário, no dia 20 de setembro, data em que se comemora a Revolução Farroupilha e o Estado se ergue em festa, eu sempre me dispunha a ver o desfile tradicionalista tomar conta das principais ruas de minha cidade. O que havia de diferente nessas duas comemorações, aos meus olhos de criança? Talvez o fato de me sentir muito mais próximo das comemorações farroupilhas, simplesmente por que cresci em meio àquelas tradições.

O que percebo hoje, tentando olhar a coisa de longe, é que realmente parecemos estranhos diante do povo de outros estados, que não têm a mesma paixão pela sua terra. Mas não são apenas os gaúchos que são assim. Baianos, pernambucanos e mineiros, por exemplo, também preservam suas raízes e se orgulham da sua história e da sua tradição.

O grande problema dos brasileiros não está nesse suposto bairrismo. O problema é que nós, brasileiros, não nos orgulhamos da nossa Pátria tanto quanto deveríamos. E a resposta a isso pode estar nas dimensões continentais do nosso país. É impossível uma unidade cultural que abranja todo o território. Apesar de todos assistirmos ao Jornal Nacional e falarmos a língua portuguesa (embora com léxico e sotaques diferentes), as diferenças culturais de norte a sul são imensas.

O mérito está, então, em celebrar essa diversidade. O Brasil é um país tão rico culturalmente, que é triste ver que em alguns pontos do país a cultura local está sendo suplantada por culturas estrangeiras. Não que não devamos ser abertos a conhecer o que não nos pertence, mas sim que devemos preservar a nossa cultura para que jamais percamos a nossa identidade.

O Rio Grande do Sul é um dos estados brasileiros que mais preserva sua cultura, cultura essa que faz parte desse “país-continente” chamado Brasil. Apesar dos gaúchos serem muito mais parecidos com argentinos e uruguaios do que com baianos ou pernambucanos, isso não os faz menos brasileiros. A explicação está na sua colonização, iniciada pelos espanhóis, e na proximidade geográfica com nuestros hermanos, fatores que muito contribuíram para a disseminação de hábitos e costumes.

O que falta, repito, não só aos gaúchos, mas a todos os brasileiros é o patriotismo. E esse patriotismo começa com o cultivo de nossas tradições. Cada povo deve fazer o que lhe cabe para perpetuar a identidade do seu pedaço de Brasil. E não lembrar de ser patriota apenas em tempos de Copa do Mundo.

Quanto ao separatismo, com certeza essa não é a opinião de todos os gaúchos, que se fossem tão bairristas e separatistas assim, não teriam saído Brasil afora, dando sua colaboração para o desenvolvimento de áreas inexploradas dessa imensa nação.

Agora, àqueles que me julgarem bairrista, peço desculpas antecipadamente, mas não posso deixar de mencionar o orgulho que sinto em ser gaúcho, ainda mais nessa época do ano em que o tradicionalismo ganha força em meio às comemorações da semana farroupilha. Gaúcho sim, mas sem deixar de ser brasileiro.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

MÃOS NEM TÃO ATADAS

Em meio a tal crise do Senado que anda bombando na mídia, acredito que assim como eu, muitas pessoas devem se perguntar o que é possível fazer para ir contra toda essa sujeira que se espalha entre aqueles que deveriam trabalhar pelos interesses da população, seja no poder executivo ou no legislativo.


Apesar das denúncias, José Sarney parece inatingível. Arrumar “emprego” para o namorado da neta ou desviar recursos públicos destinados às “causas nobres” da fundação que leva seu nome, parece ser tão natural como acordar após uma noite de sono. E falando em sono, será que não lhe pesa a consciência quando deita a cabeça no travesseiro? Eu acho que não, porque depois de uma vida toda dedicada à política, isso tudo deve parece muito natural.


Outra que parece imune a qualquer investigação é a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, que vive em sua casa de R$ 1 milhão enquanto os alunos da rede pública estadual são obrigados a estudar em contêineres de lata. E ela ainda consegue chorar emocionada, em público, ao falar das grandes realizações do seu governo (quais seriam mesmo essas realizações?) e dizer que sonha em voar como as borboletas. Seria somente patético se não fosse a triste realidade, fruto da escolha da maioria dos gaúchos na última eleição (que fique claro que eu nunca fiz parte dessa maioria).


E a cúpula do PT, que tão brilhantemente defendia a ética e a moral??


E a oposição oportunista do DEM e do PSDB, que faz de tudo para impedir qualquer realização do Governo Federal, sem argumentos concisos???


Que a política brasileira é assim, todo mundo sabe. Mas o que é possível fazer para tentar mudar essa realidade? Porque é inadmissível se resignar diante dessa situação e simplesmente achar que não existe concerto.


Tem gente se mexendo para tentar melhorar a cara da nossa política. Existe uma organização chamada “Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral” – MCCE, que há alguns anos vem desenvolvendo campanhas em prol da moralização política do Brasil. A última delas foi uma campanha dedicada a colher 1 milhão e 300 mil assinaturas para encaminhar ao Congresso Nacional um Projeto de Lei que visa aumentar as situações que impedem o registro de candidaturas e uma dessas situações seria a necessidade do candidato comprovar que está com a “ficha limpa”, ou seja, que não tenha sido condenado ou não esteja respondendo a inquéritos sobre crimes como racismo, homicídio, tráfico e desvio de verbas públicas. As assinaturas, colhidas desde o início do ano, devem ser entregues ao presidente da Câmara dos Deputados, Sr. Michel Temer, até o dia 29 de setembro próximo.


Fazem parte da MCCE uma grande quantidade de entidades, entre elas a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a CUT (Central Única dos Trabalhadores) , a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e tantas outras, o que corrobora a seriedade do movimento e demonstra a preocupação geral com relação à situação da nossa política e o desejo de transformá-la.


Mais informações sobre a MCCE e suas campanhas estão no site


É fácil criticar os políticos que estão lá em cima. É cômodo reclamar da situação. Mas tentar mudar as coisas também é possível. Basta deixar o conformismo de lado e entrar em ação...



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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

FERIADÃO + AMIGOS + BAHIA

Para quem trabalha cumprindo horário, escravo do ponto eletrônico e tendo que passar seus dias “úteis” enclausurado dentro de uma empresa, nada melhor que um bom feriado para quebrar a rotina e injetar ânimo novo. Quando o feriado cai numa sexta ou numa segunda, a coisa fica melhor, porque serão três dias (três dias!) longe daquela rotina maçante. E quando os feriados se prolongam, os chamados feriadões, aí parece que a coisa fica ainda mais interessante e a sensação de liberdade ainda maior.
Não é questão de preguiça ou desgosto pelo trabalho. Mas simplesmente a necessidade periódica de reabastecer as energias, afinal vivemos num mundo cada vez mais agitado, onde as responsabilidades crescem e a necessidade de dar conta de várias coisas ao mesmo tempo pode levar a problemas sérios de saúde como o estresse, por exemplo. Depois de um bom feriado, com certeza as pilhas estão recarregadas e é possível voltar ao trabalho totalmente revigorado.
Feriadão faz bem para desestressar.

Outra maneira de esquecer os problemas do dia-a-dia, sejam pessoais ou profissionais, é desfrutar da companhia de amigos. Para quem vive longe da família, os amigos acabam sendo uma companhia muito próxima, com quem se pode contar nos bons e nos maus momentos.
A convivência entre as pessoas exige doses de parceria e compreensão, afinal as relações humanas não são tão simples assim. Mesmo a convivência familiar, que pressupõe uma união mais forte, de sangue, exige certas condições para se desenvolver de maneira agradável. Por isso, nas relações entre amigos, onde não existem laços de sangue e os vínculos podem se quebrar mais facilmente, é preciso saber conhecer, compreender e respeitar o jeito de ser de cada um, para assim fortalecer essas relações. Mesmo entre amigos, que se aproximam por algum tipo de afinidade, existem diferenças de interesses, gostos, objetivos, opiniões, disponibilidade, etc. Mas se todo mundo fosse igual, a vida não teria graça nenhuma.
Uma vez, meu irmão mais novo me disse que eu havia nascido “para viver em bando”. Nunca discordei dele, pois para mim sempre foi importante uma turma de amigos, para garantir uma boa dose de diversão.
Amigos fazem bem para desestressar.

E pra quem gosta de viajar, nada melhor do que aproveitar um feriadão na companhia dos amigos e colocar o pé na estrada. Basta escolher um destino. Bahia, por exemplo.
Quando se chega na capital baiana, é possível perceber de cara a hospitalidade e a descontração do povo local. As pessoas são animadas e conversam pra caramba. E não demora muito para os visitantes entrarem no ritmo.
Salvador é uma cidade cheia de atrativos. É impossível não voltar os olhos para a forte expressividade da cultura local. A cidade transcende sua história por todos os lados e demonstra sua identidade a todos os momentos. Não há como não voltar no tempo ao circular pelas ruas do Pelourinho, nem ficar parado ao som da batida do Olodum. Isso sem falar na beleza natural das praias e ilhas próximas, prontas para serem desfrutadas sob o energizante calor do sol.
Se viajar é bom pra desestressar, Bahia então nem se fala!