segunda-feira, 12 de setembro de 2011

FOREVER AND EVER...

Hoje pela manhã fui surpreendido por uma triste notícia vinda do coração do Rio Grande. A Turma de 1998 do Curso de Comunicação Social da UFSM ficou órfã com a partida de sua patronesse Eunice Teixeira Olmedo.

Com seu jeito único – e um tanto excêntrico à primeira vista – ela acabou conquistando o coração da nossa turma e foi a única unanimidade em meio a nossas discordâncias. Uma pessoa especial, dona de uma grande inteligência e de um enorme coração, um tanto quanto incompreendida por seu jeito de ser, mas que com certeza marcou todos aqueles que foram seus alunos. Uma das primeiras perguntas que as pessoas se fazem ao se deparar com alguém que também estou na Facos/UFSM é a tradicional “tu foi aluno da Eunice?”. Tão tradicional como a primeira pergunta que ela costumava fazer ao conhecer cada um de seus novos alunos: qual o teu signo? E depois disso, passava a nos reconhecer dessa forma. “Eu sei que tu é leão, Carlos Guilherme Vogel do Amaral Fontoura Filho Júnior...”

Nos dias de prova ela entregava aquelas folhas pautadas e lembrava que deveriam ser redigidas no mínimo três páginas... As minhas quase sempre voltavam com uma anotação feita com uma esferográfica vermelha: “tens um excelente poder de síntese”. Guardei essa frase e tento me lembrar dela quando tendo a ser um pouco prolixo no ato de escrever.

De todas as lembranças que tenho da Eunice, uma me marcou em especial. Eu vinha chegando atrasado para uma aula dela e encontrei a turma toda indo embora. Ela acabara de ter uma crise e havia cancelado a aula. Voltei pro ponto de ônibus e a encontrei lá, voltamos juntos para o centro e eu fui sentado ao lado dela, conversando. Ela me dizendo que pensava em parar de dar aulas, porque o tempo dela já havia acabado e eu não lembro ao certo o que falei a ela, acho que apenas algumas palavras de conforto, mas dias depois ela veio me agradecer pela força que eu havia dado. E alguns anos depois, no dia da minha formatura, no momento em que apresentei meus pais a ela – e quando eu pensava que ela nem se lembrava daquele episódio – ela falou sobre o fato para minha mãe e me deixou muito emocionado por saber da importância que ela havia dado às minhas palavras.

Eu achava triste a reclusão dela em seu apartamento e talvez tenha sido um dos poucos alunos a quem ela abriu as portas de casa. Foi quando entreguei a cópia da minha monografia, pois ela era membro substituto da minha banca. Ficamos um bom tempo conversando e eu observava curioso a tudo, tentando desvendar alguns dos mistérios daquela personalidade ímpar.

E hoje, ao saber da notícia de que ela havia sido encontrada morta em seu esconderijo, meu dia se fez triste. Mas talvez agora ela encontre sua paz tão sonhada junto aos xamãs. E por aqui, seguirá sendo nossa eterna Eunice, para sempre e sempre...