terça-feira, 29 de dezembro de 2009

BOAS FESTAS

Há quem diga que não gosta dessa época, em que tudo gira em torno das festas de final de ano. Alguns argumentam que não passa de uma data comercial, outros se sentem tristes porque talvez não tenham com quem celebrar ou o que comemorar.
Eu, particularmente, gosto bastante. Hoje não sinto mais aquela magia que sentia quando criança, pois naqueles tempos passava o mês de dezembro inteiro esperando e me preparando para o Natal, ansioso para receber a visita dos parentes que moravam fora e curioso por saber que presentes meus pais deixariam sob a árvore que todos os anos minha mãe montava com a ajuda minha e dos meus irmãos. Talvez devido a correria de final de ano, não tenho mais tempo para esperar pelo Natal da mesma forma como antes, e quando vejo o dia 25 já está chegando. Mas mesmo assim fica uma expectativa boa, que me faz correr atrás de presentes para a família e organizar encontros com os amigos que moram longe e que, assim como eu, retornam a Cruz Alta para passar as festas por lá.
É uma época de reencontros, de celebrações, de agradecimentos e comemorações. Cada um com a sua fé, com a sua forma de reverenciar ao seu Deus. O comércio pode estar presente, mas cabe a nós mesmos impedir que ele tome conta de todo esse tempo. Dar presentes é uma forma de demonstrar carinho, mas acredito que as festas não ficam só nisso. Pelo menos não consigo ver assim.
Cruz Alta estava show de bola no Natal. Foi bom curtir a família e rever uma grande parte dos amigos. Infelizmente não consegui encontrar todo mundo porque o tempo foi curto. Mas mesmo assim valeu!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

LULA, EL HOMBRE QUE ASOMBRA EL MUNDO

Continuando no assunto COP 15, não posso deixar de falar no discurso improvisado do Presidente Lula no encerramento da conferência em Copenhagen. Seu discurso em tom de desabafo foi extremamente sensato e arrancou aplausos em vários momentos. Para quem chamava o presidente de burro e ignorante deve estar sendo difícil aceitar que ele é considerado um dos grandes líderes mundiais da atualidade, não só pelos cidadãos comuns mas também pelos próprios líderes. Zapatero fez declarações ao jornal espanhol “El País” e Obama chamou Lula para uma reunião particular. Quando que um presidente brasileiro conseguiu ter uma presença tão marcante a nível mundial?

Revoltante apenas foi ver a chamada do Jornal Nacional naquele dia: “Lula defende os países ricos”. Pra quem não viu na íntegra o discurso, vai ele aqui, para que possam tirar suas próprias conclusões sem serem influenciados pelo jornalismo parcial da TV Globo.





E pra quem quiser conferir na íntegra o texto escrito por Zapatero para o jornal madrilenho El País, aqui vai o link:

http://www.elpais.com/articulo/internacional/hombre/asombra/mundo/elpepuint/20091211elpepuint_1/Tes

“Lula tem o imenso mérito de haver unido a sociedade brasileira em torno de uma reforma tão ambiciosa como tranqüila”. Jose Luiz Zapatero, Presidente do Governo Espanhol

Em tempo: De acordo com o dicionário da RAE (Real Académia Española), o termo “asombrar”, da forma como utilizado pelo autor do texto, tem o sentido de “causar grande admiração”.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

COP 15

Durante as duas últimas semanas o mundo esteve voltado para Copenhagen, capital da Dinamarca, onde aconteceu a 15ª Conferência das Partes, realizada pela UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Apesar da expectativa gerada em torno do encontro, do qual se esperava uma proposta dos líderes mundiais para combater o aquecimento global, o resultado ficou aquém do esperado e o que se viu por parte dos maiores poluidores mundiais, principalmente EUA e China, foi apenas um pequeno avanço que não deve surtir os efeitos esperados pelos ambientalistas.

Mas o que eu acho mais interessante é ver as pessoas criticando os grandes líderes por não tomarem atitudes, sendo que muitas vezes nem elas mesmas tomam atitudes simples para colaborar com a sustentabilidade do meio-ambiente. É fácil criticar o Barak Obama, afinal os Estados Unidos realmente não querem abrir mão do dinheiro emitido pelas chaminés das fábricas juntamente com os gases tóxicos. Mas será que essas pessoas que tanto criticam o cara fazem alguma coisa pela preservação do nosso planeta? Separam o lixo? Deixam o carro em casa e optam por transportes alternativos? Abrem mão do seu conforto por razões ambientalistas?

Quando saio de casa pela manhã e vejo a quantidade de carros circulando pelas ruas com apenas uma pessoa dentro ou quando vou ao supermercado e vejo as pessoas comprando dezenas de produtos com embalagens atraentes e imagino que o destino de todas essas embalagens é o lixo, começo a entender os americanos. O fato é que a grande maioria das pessoas não quer abrir mão de nada em favor do desenvolvimento sustentável. Assim como nós (e eu me incluo nesse bolo apesar de pensar muito no assunto e tomar algumas [poucas] atitudes ecologicamente corretas), as grandes potências mundiais não querem perder o seu conforto, nesse caso as cifras obtidas com o desenvolvimento econômico desenfreado.

É bem mais fácil jogar a culpa nos outros do que tomar atitudes de verdade, como deixar o carro na garagem e tomar um ônibus, caminhar ou pedalar até o trabalho. É mais prático comprar refrigerantes em garrafas PET do que ir a feira comprar frutas produzidas sem agrotóxicos e preparar um suco natural. É menos complicado juntar todo o lixo no mesmo saco e despejá-lo em frente à casa para que o caminhão do lixo leve o problema embora e deixe a nossa consciência tranqüila, já que depois que o caminhão leva o lixo embora, o problema passa a ser do poder público.

Enquanto não fizermos a nossa parte para frear a industrialização desmedida, que só foca nos lucros financeiros, a coisa não vai mudar. Precisamos deixar a preguiça de lado e exercitar nossa consciência. Comprar produtos de empresas que privilegiam o desenvolvimento sustentável e boicotar as outras. Comprar produtos com embalagens retornáveis (ou ao menos recicláveis) e cobrar atitudes das empresas que jogam esses produtos no mercado. Comer menos carne vermelha para diminuir as emissões de metano pelas criações de gado e dar preferência a produtos orgânicos que não receberam doses de agrotóxicos durante o cultivo. Existem muitas coisas que podem ser feitas no dia-a-dia para minimizar o impacto negativo do desenvolvimento econômico. Não é necessário abrir mão do conforto, mas é preciso ter consciência e agir enquanto há tempo, para garantir um futuro sustentável.

Achei legal esse vídeo sobre o fórum infantil que ocorreu dentro da convenção em Copenhagen... quem sabe as próximas gerações cresçam mais conscientes.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

MUDANÇAS

Mudar sempre envolve um lado ruim e um lado bom. O lado ruim se refere aos transtornos que uma mudança sempre provoca. O lado bom é que esses transtornos podem levar a uma sensação de recompensa pelas coisas novas que vem com elas. Mudar de casa, por exemplo, é uma mudança complicada, principalmente pelos incômodos que causa e pelo tempo que toma. Mas esse tempo pode ser bem aproveitado se a mudança não consistir apenas em tirar as coisas de um lugar e colocar no outro.

Falo isso porque nos últimos dias estive envolvido com minha mudança de apartamento. E apesar do tempo que perdi, vi nesse processo uma oportunidade de abrir as portas e as gavetas e deixar sair algumas coisas que não via há muito tempo. Eu tenho o costume de guardar coisas. Objetos de família, livros, revistas, filmes e até pequenos presentes desses que alguém traz quando viaja e a gente, mesmo sem saber o que fazer com ele, não tem coragem de jogar fora porque foi um presente. Algumas coisas são importantes e merecem ficar, outras, porém, já ocuparam seu espaço e agora precisam seguir em frente, nem que a próxima parada seja o compartimento para recicláveis da lixeira do prédio.

Mexer nessas coisas foi uma viagem no tempo. Materiais de faculdade como as apostilas de Estética e Cultura de Massas que me fizeram lembrar das aulas da Eunice Olmedo ou as de Teoria Econômica que não entendi porque eu ainda as guardava. Fotografias de vários momentos que me levaram a pensar nos amigos que tenho feito ao longo do tempo e que estão espalhados pelo mundo e também a velha fita Basf preta com músicas do Roberto Carlos que meu pai colocava no toca-fitas e que embalava os passeios de carro da minha infância. Algumas coisas de que me basta a memória para não esquecê-las e outras que fazem sentido ficar guardadas como souvenirs, porque a simples sensação de tocá-las é capaz trazer de volta as imagens, as cores e os cheiros de outros tempos.

Posso até parecer apegado ao passado, mas não é isso que sinto. Gosto das mudanças e acho que elas são fundamentais para tocar a vida pra frente. A incerteza do que vem e a insegurança que ela pode trazer é que são o motor da existência. É preciso traçar novos caminhos, percorrer novas ruas, tirar novas fotos, ler novos livros, morar em casas, bairros e cidades diferentes, para que a vida não seja apenas uma sucessão de repetições.

Para mim mudar é isso, é ir atrás de algo novo para que daqui a algum tempo eu possa limpar as gavetas novamente.