segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

PESOS E MEDIDAS

Na última quinta-feira, em Guarapuava (PR), um jovem de 22 anos de idade foi condenado a 16 de detenção por ter causado um acidente que resultou na morte de duas pessoas. Antes do acidente ele havia ingerido bebida alcoólica em uma festa. A câmera que filmava o julgamento flagrou as lágrimas que corriam pelo rosto dele enquanto ouvia a sentença. Parei para pensar em algumas coisas depois de ter assistido à notícia pela TV.


Primeiro, o cara causou a morte de duas pessoas, um amigo que estava com ele no carro e uma motociclista, com idades entre 19 e 21 anos. Dois jovens que tinham a vida pela frente e que, por uma fatalidade, tiveram sua vida interrompida de uma maneira trágica por uma irresponsabilidade. Com certeza quando esse cara saiu de casa ele não tinha a intenção de causar a morte de ninguém, queria apenas se divertir. Mas ao entrar no carro e dirigir embriagado, teoricamente deveria ter a consciência do risco que estava assumindo (se bem que quando alguém bebe exageradamente, perde a noção de muita coisa, e dificilmente lembra dos artigos do Código Penal que pode estar infringindo).


Segundo, o cara não acabou somente com a vida dos dois jovens que morreram, mas também com a dele próprio. De abril de 2008 (quando ocorreu o acidente) até dezembro de 2009, ele esteve preso e só saiu da penitenciária para aguardar o julgamento. Fico imaginando o que deve ter passado com ele durante esse tempo. Será que teria sido suficiente para que se arrependesse do ato impensado que cometeu? Para alguém que está numa fase em que deve se preparar para o futuro, correr atrás daquilo que deseja, realmente deve ser difícil ter que encarar essa situação, e esses quase dois anos devem tê-lo feito pensar, e muito, no que lhe aconteceu. Eu acho que 16 anos de detenção é uma pena exagerada para o caso. Se ficar preso durante todo esse tempo, só voltará à liberdade quando estiver próximo dos 40 anos. De fato, a vida das duas vítimas jamais seria recuperada, mas e a vida desse cara não pode ser recuperada? Será que ele não merece uma segunda chance?


Terceiro, esse caso ilustra bem os pesos e medidas adotados pela nossa justiça. Enquanto esse cara saiu direto do local do acidente para a cadeia, um outro conterrâneo dele, que também causou a morte de dois jovens por dirigir a 190 km/h em uma via urbana de Curitiba, mesmo com várias multas e com a carteira de habilitação cassada, aguarda o julgamento em liberdade e até hoje não foi preso. A diferença? Esse último era deputado estadual e filho de um importante político local. E digo mais, não acredito que seja condenado, muito menos a passar 16 anos na cadeia. Infelizmente nossa justiça é assim, com pesos e medidas diferentes.

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