domingo, 16 de setembro de 2012

Uma outra Grace Kelly



Greice Queli nasceu pobre, feia e com o intelecto pouco avantajado. Avantajados em seu corpo, apenas os glúteos. Menos mal, porque assim ao menos tinha algum atributo.

Começou a trabalhar aos 13 anos, como empregada numa casa de família. Deu para os dois filhos adolescentes de sua patroa e também para o marido. Com o fato de ter dado para os filhos, a mulher não se importou, mas quando descobriu que o marido estava comendo a empregadinha feia, tomou duas decisões: a primeira foi mandar Greice Queli embora, a segunda implantar silicone na bunda.

O dinheiro conserta tudo, até uma bunda caída, mas para quem nasceu pobre como Greice Queli, a vida era bem mais difícil.

Sem carta de referência de sua ex-patroa e com sua verdadeira vocação descoberta, aos 14 Greice Queli foi trabalhar no bordel da Tia Zoé, uma puta velha que estava na vida há mais de 60 anos. Marketeira e empreendedora, Zoé transformou Greice Queli numa fonte rentável, elevando sua bunda à condição de mercadoria de primeira linha no estabelecimento.

Greice Queli ficou na casa até completar 18 anos. Por coincidência, poucos dias antes do aniversário, esteve no bordel um tal Rodolfo, um negrão de 1,90 conhecido como Bengala, que trabalhava como ator pornô em produções de baixíssimo nível. Bengala encontrou em Greice Queli o par perfeito para suas atuações e decidiu transformá-la em sua companheira de cena.

No dia do seu décimo oitavo aniversário, Greice Queli deu adeus à casa que a recebera com tanto carinho e onde fora muito feliz durante aquele tempo em que era tida como uma celebridade do baixo meretrício local. Abraçou-se chorosa à velha Zoé, a quem chamava de “Mãezinha”. A velha deu-lhe um último conselho: “tua bunda é a única coisa que pode te levar a algum lugar, por isso escolhe muito bem para quem tu vais dar”.

Ao lado de Bengala, estrelou uma famosa seqüência intitulada “Ataque pela retaguarda”, que lhe rendeu até um prêmio de melhor atriz num festival de filmes do gênero no centro do país. Foi no dia da premiação que ela conheceu Ranieri, um produtor executivo do cinema underground que a convidou para uma superprodução que teria como destino o mercado internacional. Sua carreira estava fadada ao sucesso, mas eis que o amor aconteceu em sua vida quando Ranieri caiu de amores por aquela mulher feia, burra e de nádegas enormes.

Desistiu do cinema e foi ter uma vida de princesa ao lado do produtor pornô. Teve dois filhos, Caroline e Alberto - que hoje prefere ser chamado de Stephanie. 

Costuma dizer que conquistou a felicidade com o pouco que Deus lhe deu.

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