quinta-feira, 10 de março de 2011

Um papo com os hippies de Arembepe

Eu sempre tive vontade de conhecer a famosa aldeia hippie localizada na paradisíaca praia de Arembepe, no litoral baiano. O surgimento dessa aldeia remonta aos anos 60, quando alguns adeptos do movimento hippie se estabeleceram ali, em busca do ideal de paz e amor. A vida simples, a proximidade com o mar e o contato com a natureza atraíram mais pessoas e a aldeia foi crescendo, principalmente durante os anos 70. Sua fama correu o mundo e trouxe até ali a visita de duas grandes personalidades do rock’n roll mundial: Mick Jaegger e Janis Joplin.

Encravada numa área verde em meio às dunas, tendo o mar de um lado e uma lagoa do outro., a aldeia segue preservando o velho ideal hippie de viver em contato com a natureza.

Entre casas simples, cobertas por sapê, a aldeia possui uma escola e um centro comunitário, como em outros tantos vilarejos existentes no país. Uma associação de moradores cuida dos interesses da comunidade e as crianças estudam ali mesmo e convivem com outras crianças dos arredores, na mesma escola.

Na feira de artesanato, conheci um uruguaio que vive ali há alguns anos, depois que conheceu uma nativa da aldeia, em suas andanças pelo Brasil. E foi com essa nativa que tive uma longa conversa, que se estendeu até o entardecer. Começamos o papo falando sobre o carnaval, que estava por acontecer, e ela teceu uma crítica ao que chama de um carnaval forjado para o turismo, que instituiu o axé como música local, em detrimento da música original da Bahia. Criticou o fato da música baiana ser lembrada Brasil afora por suas estrelas totalmente comerciais e lamentou o esquecimento da música afro, que segundo ela, era uma espécie de sustentáculo da cultura local.


O assunto foi se estendendo e fomos entrando em outros temas. Perguntei sobre o funcionamento da escola da comunidade e ela me falou sobre os projetos que eles desenvolvem com as crianças, em atividades extra-classe, como teatro, artesanato e capoeira. A preocupação com a cultura foi algo perceptível na conversa que tivemos. Nativa da aldeia, ela me contou que quando criança não tinha acesso a livros, pois sua mãe, uma típica riponga dos anos 70, nunca a incentivou à leitura. Esse prazer ela descobriu em suas andanças.

Foi sua vontade de conhecer o Brasil que a impulsionou a pegar a estrada e a se estabelecer em diferentes cidades, travando contato com as mais diversas culturas do país. Segundo ela, uma pessoa só conhece de fato um outro lugar que não o seu, a partir do momento em que ela se estabelece ali, entra em contato com a realidade local e convive com as pessoas daquele lugar. E foi isso que ela se propôs a fazer quando saiu da aldeia: percorrer o Brasil sem pressa, deixando-se ficar um pouco em cada lugar, sem data para partir. Uma vivência que nenhuma universidade é capaz de proporcionar.
E a gente às vezes se prende a tantas coisas, que não é capaz de perceber que existem outras formas interessantes de ver o mundo e de interagir e aprender com ele.

Um comentário:

  1. Ola a todos os seguidores! Eu Sou Getúlio Cavalcante. Sou Mestrando em Hitória pela UECE, Eniversidade Estadual do Ceara. Estou pesquisando sobre a Contracultura dos anos 1960 e meu objeto de pesquisa é a aldeia de Arembepe em Camaçari, Bahia, Se alguém puder colaborar com a minha pesquisa com documentação e indicações de antigos moradores da aldeia, toda ajuda será bem vinda. Obrigado pela compreensão. Getúlio Cavalcante. Qualquer informação, meu e-mail é Getúlio.cavalcante@hotmail.com. Eu tenho um blog chamado CONTRACULTURA

    ResponderExcluir