Esse vídeo que tô postando abaixo, traz algumas fotos desses dias que vão ficar na memória.
Amigos, valeu pela companhia de todos vocês!
Un corto es uma flecha que va directo al corazón. (Eliseo Altunaga)
O curso básico de roteiro da EICTV tem duração de duas semanas e um dos objetivos do curso é que os alunos saiam de lá com um roteiro de curta-metragem escrito. Em termos de conteúdo, foi possível trabalhar nas duas semanas, com aulas durante o dia e às vezes a noite, questões importantes como estrutura, personagem, diálogo e construção de cenas e ainda questões técnicas como formatação do argumento e do roteiro.
A experiência é válida e recomendo para quem tiver interesse.
Sobre o professor Eliseo Altunaga, que ministrou a última edição: http://www.mercadoguion.com/EliseoAltunaga/bio.html
Sobre esse e outros cursos, existem mais informações no site da escola: www.eictv.org.
Para quem deseja estudar na escola, recomendo contatar a Patricia Martín, que trabalha como representante da escola no Brasil, através do projeto Pro@rte: http://www.cuba-cursos.org
Há algum tempo eu vinha pensando na possibilidade de conhecer a escola e participar de uma oficina de roteiro de curta duração, que fosse capaz de se adaptar às férias do meu trabalho. Até que enfim a oportunidade surgiu e no dia 14 de fevereiro passado eu desembarquei no Aeroporto José Martí em La Habana e dali fui direto à escola.
Eu já sabia que a escola ficava num lugar retirado, próximo à pequena San Antonio de los Baños, mas ao chegar de fato ao local não pude deixar de pensar na magia daquele lugar, praticamente isolado numa área rural, onde se pensa (e se vive) cinema 24 horas por dia. Os alunos do curso regular da escola ficam lá por três anos, envolvidos nessa atmosfera cinematográfica.
Além do curso regular de graduação, que dura três anos e cujas vagas são distribuídas entre estudantes de diversos países, a escola também oferece dois outros tipos de atividades: os cursos de altos estudos, dedicados a profissionais da área que buscam um aperfeiçoamento mais específico, e as oficinas internacionais que oferecem cursos rápidos em diversas áreas, entre elas a de roteiro, para a qual eu me inscrevi. Essa oficina é dedicada exclusivamente para alunos de língua portuguesa e conta com um tradutor para auxiliar àqueles que têm dificuldade com o idioma espanhol.
Cheguei na EICTV no final da tarde daquele domingo, com a bagagem carregada de expectativas. Durante o vôo já havia conhecido duas colegas que fariam o curso comigo, a Mayara e a Cecília, ambas paulistas, mas ainda havia mais gente para conhecer, pois a turma seria de 17 pessoas.
Em seguida chegaram no apartamento outros dois colegas de curso que já estavam alojados ali, o Kito (RJ) e o Guilherme (SP). Trocamos uma idéia e fomos nos encontrar com as gurias que haviam chegado comigo. Ao descermos encontramos também a Giovana (RJ), a Joelma (BA) e o Rômulo (RJ), e decidimos reunir a turma para conhecer o refeitório e jantar.
O refeitório da escola, onde fizemos nossas refeições durante aquelas duas semanas de curso, oferecia uma comida padrão estilo R.U. de universidade federal, e não se tratava de uma comida excepcional, mas nada que fosse intragável, pelo menos para mim. Alunos, professores e outros convidados da escola, todos comiam a mesma coisa.
Ainda naquela noite conheci o Daniel Berlinsky, do Rio. Na manhã seguinte, conheci o Edson, o quarto integrante do meu apartamento, e que também é gaúcho. E enquanto aguardávamos para acertar nossas contas com a escola, conheci os outros integrantes que ainda não havia encontrado: Patrícia (RJ), Melina (AL), Juliana (outra gaúcha), Joana e Renata (Brasília) e Évanes (SC). A partir daí a turma estava formada e foi uma convivência muito interessante com esses brasileiros de diversos lugares do país, que assim como eu têm um objetivo em comum: escrever roteiros. Foi uma convivência muito interessante, com muita troca de idéias e experiências e de onde surgiram boas amizades e talvez futuras parcerias profissionais.
O dia a dia na escola compreendia as aulas pelas manhãs e tardes, às vezes alguns encontros à noite, idas ao refeitório para as refeições, momentos de reclusão para criar nossas histórias e momentos de trocas de idéias com aqueles com quem se criou uma afinidade maior em termos profissionais. Fora isso, algumas festinhas e também algumas braçadas na piscina olímpica da escola, a qual eu não freqüentei tanto como gostaria devido ao frio e à falta de tempo.
As paredes da escola denunciam os nomes dos profissionais que já circularam pela EICTV, como Coppola, Spielberg, Mike Leigh, Carlos Sorín, Nelson Pereira dos Santos e tantos outros. A energia do cinema transita por aqueles corredores por onde circulam pessoas de diferentes lugares do mundo, todas com o mesmo objetivo: pensar e fazer cinema.
Quem vai à escola buscando comodidade com certeza vai sair de lá um pouco frustrado. A comida é razoável, a hospedagem é simples e a internet é lenta, mas acredito que as vezes é importante sair da nossa zona de conforto para que o estranhamento permita que o intelecto trabalhe mais intensamente.
Foram 15 dias muito proveitosos e a sensação que tive ao deixar da escola foi uma vontade muito grande de voltar.
Que os cubanos adoram o Brasil eu aprendi logo na chegada, com o taxista que me levou de Havana até a escola de cinema,
Bastava eu começar uma conversa com um cubano, ao saberem que se tratava de um brasileiro, logo vinha um comentário sobre a qualidade das produções de teledramaturgia da nossa TV. Nas redes de televisão locais também são apresentadas novelas cubanas, mexicanas e colombianas. Mas segundo os próprios cubanos, as brasileiras são suas favoritas.
Falando nisso, o atual fenômeno que vem mobilizando a atenção do povo cubano é a curiosidade em saber quem é a vilã de “
Quando encontram um brasileiro, os mais curiosos não resistem e perguntam logo de cara:
– ¿Quien es la mala de la novela? ¿Donatela o Flora?
E basta contar que a vilã é a personagem da Patrícia Pillar que todos ficam surpresos e intrigados porque suas suspeitas recaem sobre Claudia Raia. E então, logo em seguida vinha outra pergunta, na busca de uma justificativa para entender a trama da história. Mas aí eu me negava a responder e falava que o melhor mesmo era assistir a novela, para que não perdesse a graça.
O caso mais difícil que caiu nas minhas mãos foi de uma senhora de 74 anos, em Trinidad de Cuba, que costumava assistir a todos os capítulos na casa de sua vizinha, onde eu estava hospedado. A dona Marta – assim se chama a senhora – me obrigou a buscar na memória o destino da maioria dos personagens, dos quais eu já nem lembrava ao certo. Fui salvo pela dona da casa que interveio pedindo para que eu não contasse mais, senão perderia a graça em acompanhar a novela até o final.